Nesta semana, o mercado de gado para reposição voltou a registrar maior volatilidade de preço, relatam os analistas da IHS Markit
A liquidez de negócios nos poucos leilões realizados pelo País ainda mostra inconsistência diante da maior cautela dos compradores, observa a consultoria.
Embora os preços atuais da boiada gorda continuem em patamares acima dos registrados em igual período do ano passado, a fraca procura por boiada magra reflete os avanços nos custos dos insumos utilizados na nutrição animal, justifica a IHS.
“De certa forma, recriadores e invernistas procuram barganhar preços mais baixos pela reposição, de olho nos gastos que serão feitos com ração”, ressaltam os analistas da consultoria.
Dessa maneira, continua a IHS, o fluxo cadenciado de negócios no mercado de reposição tem impactado negativamente os preços, que se encontram abaixo dos verificados no mesmo período do ano passado.
“Notadamente, a oferta de animais jovens aumentou, sobretudo com a chegada do período de desmama, elevando a pressão de baixa entre algumas categorias”, reforçam os analistas.
Nesta quinta-feira, 14 de abril, o indicador Cepea do bezerro (praça do MS) fechou cotado em R$ 2.688,22, o que significou retração de quase 6,5% em relação ao preço observado há 30 dias.
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Na região Sudeste, os preços da reposição voltaram a ceder durante a semana em função do descompasso entre oferta e demanda, informa a IHS. “No interior paulista, o valor do “bezerro de ano” voltou a cair devido à fraca procura”, relata a consultoria.
De maneira semelhante, no Centro-Oeste a semana também foi de preços voláteis, relata a IHS. No Mato Grosso do Sul e nas praças de Goiás, destaque para uma maior oferta de fêmeas nos leilões, categoria que registrou as maiores baixas.
No Mato Grosso, o mercado de gado para reposição também seguiu a tendência baixista em função da maior oferta de animais, acrescenta a consultoria.
Na região Sul do País, o mercado de reposição seguiu calmo, com preços lateralizados em função da baixa ocorrência de negócios.
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No Norte do Brasil, depois das fortes quedas, o mercado operou com preços estáveis nesta semana.
Dados da Scot – No fechamento desta semana mais curta, considerando a média de todas as categorias de reposição e Estados pesquisados pela Scot Consultoria, as cotações recuaram 0,6% frente ao levantamento da semana anterior.
Este quadro é explicado pela pressão de baixa no mercado do boi gordo e a queda na qualidade das pastagens, observa a zootecnista Thayná Drugowick, analista da Scot.
“Com isso, os vendedores encontram dificuldade para negociar nos patamares acima das referências e, aos poucos, as cotações estão cedendo”, reforça a analista.
Nesta semana, a queda no mercado de reposição foi puxada principalmente pelas fêmeas, que estão com baixa liquidez e boa oferta. Com isso, as cotações das fêmeas recuaram 0,8% na média de todos os Estados monitorados pela Scot.
Por sua vez, os preços dos machos, na mesma comparação, registraram queda semanal de 0,4%.
Na avaliação de Thayná, em médio e longo prazos, com a entrada da entressafra, o mercado do boi gordo deve retomar a firmeza, estimulando, assim, a busca pela reposição por parte de recriadores e invernistas.
Além disso, continua a analista, a ponta vendedora deve diminuir a resistência nos negócios conforme a pastagem for perdendo a capacidade de suporte.