“Meu boi não come multa”, diz confinador paulista

Produtores relatam muita dificuldade de encontrar insumos básicos para alimentação e uma lista expressiva de quebras de contrato

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Pandemia, super safra de grãos e preços de boi nas alturas, chegando a cerca de R$ 264 no Estado de São Paulo – este é o cenário de 2020. E tem produtor que acha que o boi se valorizará ainda mais. “Eu acredito que a arroba vá chegar em R$ 300. Estamos com a lotação máxima estática, com 20 mil bois no confinamento”, diz o pecuarista e confinador Sérgio Przepiorka, dono do Boitel Chaparral, em Rancharia (SP).

No entanto, apesar dos bons ventos para os que apostaram em investir na pecuária, um problema está de fato tirando o sono não só de Przepiorka, mas dos demais confinadores no País este ano: a quebra de contratos de entrega de insumos, como milho e farelo de soja. A estimativa é de alta de bovinos confinados nesta safra, passando de 6 milhões de animais, ante 5,8 milhões em 2019.


André Luiz Perrone dos Reis, proprietário do Confinamento Monte Alegre. Foto: arquivo pessoal

“Ouvi do meu fornecedor: ‘fica tranquilo que eu pago a multa’. Eu retruquei: meu boi não come multa”, diz André Luiz Perrone dos Reis, proprietário do Confinamento Monte Alegre (CMA), em Barretos (SP).

O mesmo drama está fazendo parte da rotina do produtor Neto Sartor, dono do confinamento Maximus Feedlot, em Sabino (SP), com capacidade estática para 20 mil bovinos. A lotação máxima, até julho, era de cerca de 15 mil animais. Hoje, está operando a todo vapor e na busca desenfreada por alimentação para o gado.

Na ponta do lápis

“Toda semana, refaço o planejamento do confinamento. Está uma loucura esse ano”, diz Sartor. E não é por menos. O produtor que tem reservas próprias de insumos, disse ele, que já tomou calote de cerca de 80% de seus fornecedores, comprometendo cerca de 40% do volume de insumos para alimentação do rebanho. “Tenho alguns estoques, mas o futuro está bem nebuloso. Estou tendo de negociar todos os dias e ainda com o risco grande de não ver o contrato cumprido.”

Neto Sartor, pecuarista e confinador no município de Sabino, no interior de São Paulo. Foto: DBO

Reis afirma que para ficar com os grãos tem pago ágio do preço. “É melhor pagar mais do que ficar sem o grão”, diz o produtor. O motivo é poder aproveitar ao máximo a onda de preços altos do boi. Num ano em que o mercado sinaliza queda, o produtor estima produzir até um pouco a mais das 40 mil toneladas de carne produzidas em 2019. “Vamos crescer pouca coisa, pois vamos confinar mais”, afirma.

Valorização desproporcional

O enredo da história é o mesmo para os três produtores. Todos fecharam parte dos insumos em contratos futuros, no ano passado. Em meados de 2019, a saca de 60 quilos de soja estava sendo negociada por cerca de R$ 80. Hoje, a mesma saca beira os R$ 160. A saca do milho, que está atualmente em cerca de R$ 70, no ano passado não passava de R$ 40 até meados de outubro.

A valorização dos grãos tem sido o motivo para que os fornecedores quebrem seus contratos e revendam a produção, captando preços maiores. No entanto, a falta dos grãos é descartada pelo veterinário Hyberville Neto, consultor de pecuária da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP). Para ele, o problema será o preço mesmo.

“Grão vai ter e estará no mercado com preços bem valorizados. A questão não é nem se vai faltar alimentação e sim se o custo do insumo vai viabilizar a atividade”, diz Hyberville Neto.

O cenário de preço para grãos não é um dos mais animadores, segundo os analistas de grãos da consultoria paulista. A seca, em algumas regiões produtoras de soja, está provocando o atraso no plantio o que pode encurtar a janela da safrinha, com maior risco. E, consequente, a uma possível quebra de safra. “Tudo leva a crer um mercado de preços mais firmes para os grãos.”

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