O mercado do boi ficou atônito na manhã dessa quarta-feira (20/10) após a circulação de notícias de um ofício-circular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em suspender a produção de carne para a China, nos frigoríficos habilitados à exportação ao país asiático.
No entanto, tudo não passou de um mal-entendido, segundo explica o Mapa, em nota encaminhada ao Portal DBO:
“O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que, ao contrário do que tem sido noticiado, a certificação de carne e produtos bovinos destinada à exportação para a China está suspensa desde o dia 4 de setembro de 2021, por decisão do governo brasileiro, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre os dois países. Não há, portanto, nova orientação sobre a suspensão da produção”, diz a pasta, em nota.
“O equívoco que vem sendo propagado se deve à presença desta informação – a suspensão da produção – em ofício-circular destinado aos chefes de serviços de Inspeção de Produtos de Origem Animal (documento interno, portanto). O ofício atende a um pedido formalizado pelo setor produtivo e autoriza a estocagem, por 60 dias, de produtos destinados à China, já em contêineres, produzidos antes de 4 de setembro”.
Recomendação nem fazia sentido
Como se trata apenas de uma formalização da paralisação sobre as vendas a partir de 4 de setembro e não de um “novo pedido” de paralisação, a reação foi de estranheza da repercussão da medida para alguns analistas, pois, de fato, o comércio do boi já estava paralisado desde o dia 4 do mês passado.
“O gado já não estava sendo mais abatido para o destino China. Ninguém estava comprando ou abatendo gado para lá. O mercado realmente está parado. Não há efeito prático sobre essa decisão”, diz Hyberville Neto, médico veterinário e consultor de pecuária da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP).
OUÇA a análise de Hyberville Neto, da Scot Consultoria
Lygia Pimentel, médica veterinária, economista e CEO da consultoria Agrifatto, de São Paulo (SP), também concorda com a análise de Neto e acrescenta:
“Isso reforça a dificuldade diplomática que nós estamos tendo para reverter esse estado de coisas. O principal efeito é mais uma tentativa de pressão sobre a arroba, jogando os preços mais para baixo”, diz.
Uma luz no fim do túnel
Para Lygia, a confiança é que esse próprio movimento ajude a aumentar os preços no futuro.
Segundo ela os negócios podem se estabilizar nos patamares de R$ 250/@ a R$ 270/@, e poderão se aquecer com a uma futura falta de animais.
“Quando o preço cai muito, o produtor para de colocar boi no confinamento e lá na frente vamos sentir a falta desse boi e aí que os preços poderão voltar a se aquecer”, diz Lygia.
OUÇA a análise de Lygia Pimentel, da Agrifatto
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