Os ectoparasitas causam diversos prejuízos à bovinocultura, ocasionando perda de peso, danos a qualidade do couro, transmissão de agentes causadores de doenças, diminuição da libido dos touros, entre outros. Embora o carrapato de bovinos seja o ectoparasita mais relevante para a pecuária, as moscas são as mais difíceis de erradicar no rebanho. Quando considerado as principais moscas que parasitam os bovinos, há prejuízos anuais superiores a 5 milhões de reais no Brasil.
As duas principais moscas que causam prejuízo à pecuária brasileira são as moscas-dos-estábulos e as moscas-dos-chifres. Vale destacar que embora sejam da mesma família, essas duas moscas se diferem quanto ao gênero, morfologia e forma de infestação. Daremos enfoque nesse texto na mosca-dos-chifres, mosca muito menor, porém com picada muito mais dolorida e frequente.
A mosca-dos-chifres, cientificamente conhecida como Haematobia irritans, é uma mosca originária da Europa que chegou aqui no Brasil por meio da importação de gado de outros países e é atualmente a mosca de maior impacto na pecuária nacional. Ao infestar o animal, esse inseto se concentra em regiões estratégicas, focando em áreas fora do alcance da cabeça e da cauda o que impossibilita o bovino de espantar a mosca. Além da preferência pelas regiões dorsolombar, cupim, abdômen e pernas, a Haematobia irritans possui predisposição pelos taurinos, animais de pelagem escura e machos inteiros. Os touros sofrem mais picadas em decorrência da maior atividade das glândulas produtoras de suor e maiores níveis de testosterona.
O grande problema da mosca dos chifres é o fato de permanecer no animal praticamente 24 horas por dia, picando mais de 15 a 40 vezes nesse período. Embora seja uma mosca muito pequena, sua picada é altamente dolorida e possui características espoliativas, ou seja, há considerável perda de sangue em grandes infestações, resultando em alguns casos em anemia. A irritação causada é tão grande que compromete a alimentação e digestão do bovino parasitado, levando à queda na produtividade do animal e consequentemente a lucratividade do pecuarista.
Segundo estudos que evidenciam e quantificam as perdas causadas por este ectoparasita, um bovino que, se ao longo de um ano, estivesse infestado por 500 moscas, perderia 40 kg de peso, sendo 3 kg em decorrência da espoliação sanguínea e o restante devido a anorexia provocada pela irritação da picada associada a energia gasta na tentativa de espantar o parasita. Já não bastasse isso, a mosca dos chifres também é vetor de outras doenças como a anaplasmose e tripanossomose, além de ser forético das larvas das moscas berneiras, outro relevante parasita de bovinos.
Visto todo prejuízo causado por estes parasitas, temos que lançar mão de formas eficazes de combate e controle, sendo o controle químico o tratamento de eleição. Juntamente ao tratamento químico, o uso de estratégias de controle não-químico é desejável. Nesse sentido podemos citar como exemplo a preferência do uso de animais de sangue zebuíno em regiões endêmicas, devido a sua maior rusticidade e adaptabilidade.
No que se refere ao controle químico, o produtor em grande parte das vezes faz o uso de medicamentos antiparasitários, que embora seja uma forma eficaz de tratamento, quando feito de forma indiscriminada pode não promover o resultado esperado. O ideal é que se utilizem soluções antiparasitárias nas doses e intervalos preconizados a fim de se evitar o desenvolvimento de resistência de cepas ao composto usado.
Embora existam várias moléculas diferentes no mercado, evidenciamos o uso das Abamectinas pour on, aquelas aplicadas de forma tópica sobre o dorso dos animais. A Abamectina faz parte do grupo das Avermectinas, moderna classe de Lactonas Macrocíclicas, que ao longo dos anos vem demonstrando atividade eficaz contra endo e ectoparasitas. A Abamectina promove bloqueio da transmissão neuro-muscular, causando paralisia e consequentemente a morte do parasita.
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