Em tempos de COVID-19, a carne moída – um alimento prático e bastante fácil de congelar no freezer – tem se destacado na lista de produtos levados para a casa pelos consumidores de vários países, que buscam maneiras para enfrentar os tempos difíceis de isolamento provocado pela grave pandemia. Mas o que dizer dos cortes mais sofisticados, como o filé mignon e outras peças mais caras retiradas da parte da traseira do animal, as chamadas “carnes de primeira”?
Uma matéria publicada pelo site australiano Beef Central alerta para o colapso nas vendas dos cortes de melhor qualidade, de maior valor agregado – mais caros –, que, em grande parte, são vendidos pelo chamado mercado de food service.
“Os comerciantes de carne estão profundamente preocupados com as perspectivas de demanda por cortes para churrasco, devido à ausência do comércio de serviços de alimentação em grandes partes da Ásia, América do Norte e Austrália”, relata a reportagem.
A maioria dos atacadistas de carne que lidam com clientes de restaurantes e cafés trabalha com sistemas de crediário, ou seja, o comprador do varejo normalmente deve um inventário de um mês ou dois ao fornecedor. “Os atacadistas estão ficando cada vez mais nervosos com a possibilidade de falência desses estabelecimentos, o que pode comprometer toda a cadeia de carnes, colocando em risco financeiro atacadistas e até mesmo os processadores de carne”, alerta o texto.
Carne Premium
Também existem preocupações crescentes dentro da indústria sobre o destino dos cortes premium, de qualidade ainda superior às peças convencionais de carne.
Segundo o texto da Beef Central, os negócios envolvendo cortes de alta qualidade, como os oriundos das raças puras Wagyu e Angus, podem estar particularmente mais expostos a mudanças drásticas no comportamento dos consumidores, exatamente como ocorreu durante o pior da crise financeira global de 2008.
Alguns serviços ligados ao setor de carne de alta qualidade, como restaurantes na Arábia Saudita, Dubai e Japão, fecharam as portas diante da crise do novo coronavírus, informa a matéria.
“Em tempos de crise, os consumidores passam a comprar proteínas que não têm preços extravagantes”, disse uma fonte comercial ao portal Beef Central, que indagou: Quem vai gastar US$ 100 em um bife no atual ambiente incerto (isso no caso encontrar ainda um lugar aberto para isso)?