“Nosso rebanho nunca foi melhorado para marmoreio da carne”, diz doutora em Produção Animal

Para a zootecnista Liliane Suguisawa, essa característica pode ser rapidamente disseminada nos rebanhos de corte por conter alta herdabilidade, ou seja, com elevada resposta à seleção genética

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O Brasil tem boas chances para – em pouco tempo – melhorar a qualidade da carne bovina. Essa é a avaliação da zootecnista Liliane Suguisawa, doutora em Produção Animal e diretora da DGT Brasil, uma subsidiária da americana Designer Genes Technologies (DGT).

A companhia é desenvolvedora de programas computacionais de interpretação de imagens de ultrassonografia de carcaça em bovinos, suínos, aves e ovinos.


Ela foi a convidada do programa DBO Entrevista, que foi ao ar na última segunda-feira, 30, e explicou como a pecuária brasileira está a poucos passos de produzir uma carne com mais qualidade (confira a íntegra da entrevista ao final desta matéria).

Entre os pontos principais do alimento está o maior porcentual de gordura entremeada na carne, também conhecido por marmoreio. Atualmente, essa taxa de gordura entremeada é de 1,5%. Cortes de melhor qualidade estão acima de 3% de marmoreio.

“Nosso rebanho nunca foi melhorado para marmoreio da carne. Então nós não temos essa característica genética”, diz Liliane.

No entanto, essa característica pode ser rapidamente disseminada no rebanho brasileiro, pelo fato de ser uma das características de maior herdabilidade que existe.

Segundo a especialista, essa taxa de herdabilidade está entre 30% a 40%, através de acompanhamento de projetos de melhoramento genético de rebanhos como o da Embrapa Geneplus, do Nelore do Golias, do Senepol da Grama e da Fazenda Santa Nice.

“É uma herdabilidade de moderada à alta, o que é bem significativo para melhoramento genético”, explica a especialista.

Transformação do rebanho

Um dos principais passos é justamente a identificação dos animais que possuem essa característica. Na raça nelore, por exemplo, que compõe cerca de 80% do rebanho nacional de cerca de 190 milhões de animais, segundo o IBGE, apenas 10% dos animais possuem essa característica, e conseguiram facilmente elevar a taxa de marmoreio de 1,5% para 3,5% ou até 4%.

Apenas 10% dos animais da raça nelore possuem características genéticas para o marmoreio (Foto: Divulgação)

Para Liliane, com um bom critério de seleção, identificação desses animais e a multiplicação dessa genética por acasalamentos corretivos, é possível que dentro de duas ou três gerações, a população de bovinos possa fazer diferença na produção de carne de qualidade, nacionalmente.

“De todas as características envolvidas em programas de seleção de todas as raças, as características de carnes são as de mais alta herdabilidade. Então se a gente melhorou ganho de peso, se a gente melhorou a fertilidade, se a gente melhorou tantas outras características que a herdabilidade é mais baixa, imagine o que a gente vai conseguir fazer em termos de velocidade quando a gente olhar para características de herdabilidade mais alta?”, diz.

Produção sistemática

A questão do marmoreio da carne é recente, de acordo com a diretora da DGT, sendo iniciada em meados dos anos 2000.

Hoje está na pauta dos itens que uma carne de qualidade deve ter, mas não se trata de um item amplamente difundido entre os pecuaristas pela falta de um sistema nacional de tipificação de carcaças.

Para Liliane, é esse sistema que serviria como uma espécie de bússola para o produtor poder trilhar em direção a produção do boi que produza esse tipo de carne.

“Hoje o pecuarista não tem um retorno claro do que está fazendo, se o que está produzindo está certo, se é o que o mercado consumidor quer ou o que a indústria quer”, aponta a zootecnista.

Os países que mais adotam um sistema de tipificação de carcaças são os Estados Unidos, Austrália e Canadá, por exemplo. Eles seguem uma metodologia internacional na qual falam num abate de bovino de até 30 meses, com gordura de acabamento uniforme e um marmoreio de 3,64%.

Segundo Liliane, é justamente parte do critério para o boi-China, adotado pelo país asiático para suas compras de carne bovina aqui no Brasil. Mas para a especialista, quanto mais o pecuarista caminhar para esse tipo de produção, maior deverá ser os ganhos.

“Percebemos que a cada 10 centímetros de área de olho de lombo que a gente coloca a mais no abate, aumentamos 1% de rendimento. E esse 1% de rendimento é muito dinheiro para o pecuarista. É como se ele ganhasse uma arroba a mais com 10% de premiação”, afirma Liliane.

Assista na íntegra a entrevista:

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