Até o final de 2021, o mundo tem uma pesada agenda ambiental em um cenário no qual perduram muitas incertezas trazidas pela pandemia de Covid-19, juntamente com pautas que já faziam parte das discussões políticas em torno do tema. Além da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), programada para o período de 1 a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, estão marcados para maio o Fórum Econômico Mundial, tradicionalmente realizado em Davos, na Suíça, agora transferido para Cingapura, e a 15ª Conferência das Partes (COP 15) da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), em Kunming, na China.
Na agenda consta também o Fórum Internacional de Segurança Alimentar, promovido pela ONU. “O Brasil sempre foi considerado uma potência agrícola e ambiental. Em vários outros temas a gente pode discutir, mas não nesses dois”, diz o engenheiro agrônomo Eduardo Bastos, diretor de Sustentabilidade da Bayer CropScience para a América Latina. “O Brasil tem a obrigação de liderar uma agenda em Glasgow e mostrar que sim, o agro pode ser parte da solução.”
Bastos acredita que com a eleição de Joe Biden e o retorno dos Estados Unidos ao palco global de debates ambientais, o artigo 6 do Acordo de Paris deve voltar à mesa. Ele trata, justamente, das definições de como funcionariam os mecanismos de regulação dos mercados de carbono. “No mercado de carbono, que vai ser super importante para a gente, o Brasil é potencialmente muito mais um recebedor de dinheiro do que pagador. O que falta são bons projetos para conectar esse dinheiro com a base, aqui no campo brasileiro”, afirma Bastos. O mercado global de carbono movimenta atualmente US$ 214 bilhões.
O executivo participou do programa “DBO Entrevista” nesta segunda-feira (15/2), onde falou também da organização dos produtores, da necessidade de uma maior presença do Brasil lá fora e de como o País tem buscado ferramentas para alavancar os processos mensuráveis de sustentabilidade que podem vir a gerar renda no campo.
Para ele, o grande desafio é o recurso chegar na mão do produtor final. “Hoje, esse dinheiro está indo para outras mãos. Para os setores de transporte, o de energia e o industrial”, afirma. “O esforço que a gente tem de fazer como sociedade, como agro, é justamente mostrar que podemos ser parte dessa solução e, portanto, podemos receber uma parte dos recursos.”
Por isso, siglas como ESG (na tradução do inglês,Governança Ambiental, Social e Corporativa) devem ganhar significado cada vez mais palpável para empresas e produtores. Outro fronte é reconhecimento global do Código Florestal Brasileiro como instrumento de sustentabilidade ambiental e a aceleração de projetos de sequestro de carbono, como já existe para a carne bovina e está em andamento para a soja, além de outras cadeias que devem entrar nessa corrida.
Confira a entrevista completa, abaixo: