O retrocesso proposto por um projeto de lei

Francisco Manzi, diretor técnico da Acrimat, fala sobre a tentativa de proibir a inseminação artificial na Paraíba

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A inseminação artificial é a técnica de maior impacto no melhoramento genético de um rebanho. Utilizada em várias espécies animais de interesse econômico, como Bovinos, bubalinos, ovinos, aves, caprinos, equinos, peixes e até abelhas, ela foi um divisor de águas no melhoramento genético no mundo inteiro, aumentando tanto a qualidade do nosso rebanho, quanto a produtividade. Com isso, tem diminuído o preço pago pelo consumidor, colocando um produto saudável e de qualidade cada vez melhor na mesa dos consumidores.

Além das espécies domésticas, a inseminação artificial também é feita em animais silvestres, multiplicando exemplares nos zoológicos e também protegendo as espécies ameaçadas de extinção. Na bovinocultura, a inseminação artificial começou a se popularizar mundo inteiro na década de 1950 e permitiu que um reprodutor selecionado com as características desejáveis (como produção de carne ou leite) deixe uma prole de centenas de milhares de descendentes.


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Graças às técnicas de diluição e congelamento do sêmen em nitrogênio líquido, a preservação do material genético animal pode alcançar décadas após a sua morte. A popularização é tão grande que apenas 3% dos reprodutores que existem no mundo seriam suficientes para conceber todas as fêmeas do planeta.

As vantagens da inseminação artificial são inquestionáveis:
• Evita a transmissão de doenças da esfera reprodutiva como as zoonoses brucelose e tuberculose.
• Permite um controle bem mais efetivo do rebanho pois com a inseminação artificial as matrizes são numeradas, temos a data exata da inseminação e a previsão de parto.
• Torna possível de forma muito mais segura e barata a importação de material genético pois o sêmen acomodado em botijões repletos de nitrogênio pode perfeitamente viajar de avião e deixar descendentes no outro extremo do planeta sem os riscos e custos de transporte do animal vivo.
• Torna viável o cruzamento industrial das nossas vacas zebuínas totalmente adaptadas aos trópicos com as raças taurinas com ganhos de 15% em desempenho e produção só na heterose sem contar a aditividade.

Foram esses acasalamentos dirigidos que permitiram a popularização dos produtos meio sangue do nosso zebu com a raça Aberdeen Angus, uma das mais preferidas nos restaurantes gourmets. O mesmo acontece com a raça Girolanda, produto que mescla a alta produção da raça Holandesa com a adaptação aos trópicos da raça Gir, tornando possível produzir leite de norte ao sul do país.

Durante décadas os índices de inseminação artificial no Brasil ficaram restritos a menos de 5% do rebanho devido os cuidados necessários na observação diária dos cios e a necessidade de inseminação de 8 a 12 horas após o evento. A chegada da inseminação artificial em tempo fixo (IATF) se dá por meio de medicamentos que foram rigorosamente sintetizados, seguindo estudos sobre os níveis sanguíneos e dosagens hormonais em cada fase do ciclo reprodutivo das vacas. Com isso, a técnica permitiu que um número considerável de matrizes pudesse ser inseminada no mesmo dia, maximizando a mão de obra. Hoje não é raro encontrar fazendas que inseminam centenas de vacas num único período do dia com taxas de gestação positiva que chegam a 70% com uma só dose.

O projeto de lei 11140 de junho de 2018, aprovada pela assembleia legislativa do estado da Paraíba visa, de forma no mínimo irresponsável, proibir condições reprodutivas artificiais, inviabilizando a sincronização dos cios e da ovulação mesmo diante de normas de boas práticas e bem estar animal muito bem regulamentadas na resolução nº 1236 de 26 de outubro de 2018 do Conselho Federal de Medicina Veterinária, entidade maior dos profissionais guardiões dos animais.

Há que rever essa lei que, elaborada com uma visão míope e unilateral, poderá levar a um retrocesso na seleção e na multiplicação dos animais se aplicada ao pé da letra. Os prejuízos seriam irreparáveis para mais variadas espécies, de interesse econômico ou não, e até para a saúde e bem estar da espécie humana.

Francisco Manzi é diretor técnico da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso). Médico Veterinário, graduado pela Universidade Estadual de Londrina (PR), pós-graduado em Julgamento de Zebuínos pela Faculdade de Zootecnia de Uberaba (MG) e em Reprodução animal pela Universidade de São Paulo.

*As opiniões expressas nos artigos não necessariamente refletem a posição do Portal DBO

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