A crise da COVID-19 fez explodir a procura por ovos no Brasil e, ao mesmo tempo, reduziu a demanda pela carne bovina, produto bem mais caro.
“A mudança do fluxo de consumo que ocorreu dos restaurantes e refeitórios para os supermercados, combinada à redução imediata da renda e desemprego, fizeram o consumidor preferir proteínas mais baratas, como o frango, ovos e embutidos”, diz ao Portal DBO a veterinária e pecuarista Lygia Pimentel, diretora executiva da consultoria Agrifatto.
Essa maior procura por ovos fez os preços do produto atingiram o maior patamar real da série história do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), iniciada em 2013 – valores deflacionados pelo IPCA de fev/20. “Esse cenário está atrelado à demanda pela proteína, que segue bastante alta, e à oferta, que está menor – o número de pedidos tem superado a produção das granjas”, avaliam os pesquisadores da entidade de pesquisa.
Além de o período de quaresma tradicionalmente impulsionar a procura por ovos, a preocupação da população com uma possível falta de alimentos nas próximas semanas, por conta da pandemia da COVID-19, tem levado mercados atacadistas e varejistas a aumentar seus pedidos, acrescenta o Cepea.
Segundo dados do Cepea, em Bastos (SP), onde se concentra a maior parte da produção nacional, o ovo branco tipo extra teve preço médio de R$ 116,84/caixa de 30 dúzias na quinta-feira, 2 de abril, o que representa valorização dee 3% em sete dias. Para os ovos vermelhos, os aumentos têm sido ainda mais intensos.
“Com produção geralmente inferior à de ovos brancos, a cadeia é mais vulnerável/sensível a elevações de demanda”, justifica o Cepea. Na praça paulista, o produto vermelho foi cotado a R$ 137,36/cx no dia 2, alta de 4,3% na semana.