A BRF encerrou nesta quinta-feira, 7 de fevereiro, seu plano de desinvestimentos sem ter alcançado a meta inicial de captar R$ 5 bilhões – angariou um total de R$ 4,1 bilhões após a venda anunciada pela manhã de unidades da Europa e da Tailândia à Tyson Foods por US$ 340 milhões (R$ 1,3 bilhão).
Em teleconferência, o CEO da empresa, Pedro Parente, justificou o desempenho aquém do esperado pelo fato de a companhia ter encontrado “adversidades” na Argentina e na Europa, regiões nas quais realizou vendas de ativos.
“Na Europa, há uma série de incertezas relacionadas ao Brexit”, disse o executivo, citando o processo de desvinculação entre o Reino Unido e a União Europeia. Segundo Parente, 81% da meta projetada foi alcançada, ou seja, R$ 4,1 bilhões.
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O CEO conta que os membros do Conselho de Administração chegaram a cogitar a possibilidade de novas vendas para que a meta de R$ 5 bilhões fosse alcançada, mas como todas as vendas previstas foram feitas, ainda que com valores mais baixos que os esperados, e haverá apenas “um atraso temporal” na queda da alavancagem, a conclusão foi de que a venda de novos ativos “não se justifica”.
A BRF estima que a alavancagem – razão entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) Ajustado – ficará em torno de cinco vezes no 4º trimestre de 2018, incluindo os efeitos pro forma de todas as vendas de ativos já anunciadas, e aproximadamente 3,65 vezes no 4º trimestre de 2019, o que representa um adiamento de seis meses para o alcance das metas divulgadas no Fato Relevante de 29 de junho de 2018.
Perdas Financeiras da Companhia
A companhia de alimentos arcou com uma perda financeira entre 11% e 13% com o valor das vendas dos ativos na Argentina, Europa e Tailândia em relação às receitas que eram geradas pelas unidades em seus respectivos países. O cálculo porcentual foi dado pelo diretor global de operações, Lorival Luz, a jornalistas durante teleconferência para comentar a comercialização dos últimos ativos pendentes, localizados na Europa e Tailândia.
Segundo Luz, as operações argentinas proporcionavam receita em torno de R$ 1,7 bilhão e, com a venda, a entrada de caixa ficou em R$ 563 milhões considerando o câmbio de 30 de dezembro de 2018. Foram comercializadas as companhias Avex, Quickfood, em dezembro, e a Campo Austral, em janeiro.
Na Tailândia e na Europa, a receita era de, aproximadamente, R$ 2,7 bilhões, de acordo com o executivo. A entrada de capital com a venda dessas unidades para a Tyson Foods é estimada em R$ 1,3 bilhão (também no câmbio de 30 de dezembro). Além disso, ainda houve o desinvestimento de uma operação brasileira, em Várzea Grande, MT, para a Marfrig por R$ 100 milhões.
Apesar da perda dessas receitas, Luz considera que as decisões tomadas (de desinvestimento) foram bem-sucedidas e estão de acordo com a estratégia de reduzir a alavancagem da BRF.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO