Capaz de produzir sementes, nova cultivar de amendoim forrageiro depende de empresas interessadas em multiplicá-la para chegar finalmente ao mercado
Por Ariosto Mesquita
Festejada por ser a primeira cultivar originalmente brasileira de amendoim forrageiro propagada por sementes, a BRS Mandobi aguarda a formalização de contrato com empresas parceiras para chegar ao mercado. A cultivar foi lançada oficialmente pela Embrapa Acre em dezembro de 2019, fruto de 20 anos de pesquisa, e é vista pelos pesquisadores como uma “joia rara” no portfólio de cultivares disponíveis para consórcio com gramíneas. Afinal, todas as variedades de amendoim forrageiro (Arachis pintoi) hoje disponíveis para plantio são propagadas por meio de mudas, o que eleva custos e dificulta a formação de grandes áreas de pastagens.
Segundo o médico veterinário Bruno Pena Carvalho, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Acre, até agosto deste ano, a empresa lançará um edital para seleção de pelo menos dois parceiros dispostos a multiplicar a cultivar na próxima estação chuvosa, visando ofertar sementes comerciais aos produtores provavelmente em 2023. Carvalho explica que o ciclo do amendoim é mais longo: a partir da semeadura, são necessários 18 meses para obtenção de sementes, cuja colheita agora pode ser mecanizada (veja quadro no final do texto).
Vantagens do consórcio
Além de não precisar ser plantado por meio de mudas, o Mandobi tem outra grande virtude, própria das leguminosas: ele garante aos animais uma pastagem mais rica em nutrientes, porque tem entre 16% e 25% de proteína bruta na matéria seca (ante 8% a 14% das gramíneas) e 65% de digestibilidade. “É como se fosse uma ração concentrada”, compara Carvalho.
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Quando esse amendoim é plantado junto com capins bastante difundidos no bioma amazônico como o Brachiaria humidicola, por exemplo, fica mais fácil engordar a boiada nessa região, pois a qualidade do pasto melhora. O Mandobi, além de ter alto valor proteico, é bastante palatável e não possui fatores antinutricionais como outras leguminosas, garantindo aumento expressivo no ganho de peso dos animais, conforme mostraram experimentos conduzidos por pesquisadores da Embrapa Acre, entre março de 2010 e dezembro de 2018.