A dificuldade de escoamento da carne bovina no mercado interno – situação típica para o mês de janeiro – tem sido a principal justificativa para o recuo das ofertas de compra de boiada por parte dos frigoríficos, que têm preferido diminuir os abates em vez de pagar os preços sugeridos pelos pecuaristas.
No entanto, a lentidão dos negócios também vem da ausência momentânea da China no mercado de importação de carne bovina brasileira, destaca o analista Leandro Bovo, sócio diretor da Radar Investimentos, em texto publicado no site da Scot Consultoria.
Segundo ele, “a China ainda não deu nenhuma sinalização concreta para as novas negociações (com a indústria exportadora do Brasil) após o longo feriado do ano novo chinês, que acontece no final de janeiro”.
No entanto, para o analista, déficit de proteína na China – ocasionado pela epidemia da peste suína africana – “ainda continua grande e muito provavelmente eles não terão como ficar muito tempo fora do mercado”. “O mais provável é que, após o ano novo chinês, as negociações (com os frigoríficos brasileiros) sejam retomadas, um novo patamar de preço seja definido e os embarques voltem a fluir com mais tranquilidade”, prevê Bovo.
O analista Hyberville Neto, da Scot Consultoria, também sugere que a pressão de baixa no mercado do boi gordo pode estar com os dias contados. Na sua visão, com a entrada dos salários no início de fevereiro, o mercado do boi gordo pode “virar a chave”. “Com o maior poder de compra da população, espera-se uma melhoria no consumo de carne bovina, o que pode estimular a retomada dos preços do boi gordo.
Para Leandro Bovo, independente da atual pressão de baixa, os fundamentos do mercado pecuário para 2020 permanecem positivos, “com expectativa de diminuição do abate de fêmeas, reposição cara e melhora econômica em andamento”.
Na terça-feira, 21 de janeiro, o Indicador do boi gordo Cepea/Esalq (praça Paulo, valor à vista) fechou em R$ 190,60/@, com baixa de 1% sobre o dia anterior. Desde o início de janeiro, o indicador, que havia encerrado dezembro a R$ 206,95/@ acumula desvalorização de 8%.
