Nesta quarta-feira, 15 de setembro, os preços físicos do boi gordo voltaram a apresentar variações negativas em diversas praças brasileiras, informam as consultorias que acompanham diariamente o setor pecuário.
Grande parte da força compradora de boiadas gordas se encontra fora do mercado, em especial as plantas exportadoras, que sentem o impacto da suspensão voluntária dos embarques de carne bovina à China, depois da confirmação de dois casos atípicos da doença de vaca louca no Brasil (no MT e MG).
“Os negócios têm ocorrido paulatinamente; há compradores com ofertas bem abaixo da referência atual”, relata a Scot Consultoria.
Segundo dados da Scot, nesta quarta-feira, o preço do boi gordo recuou R$ 2/@ nas praças paulistas, para R$ 305/@ (valor bruto e a prazo).
Há exatos 7 dias, a arroba do macho terminado estava valendo R$ 310/@ em São Paulo, ou seja, R$ 5/@ acima da cotação atual.
A vaca e a novilha prontas para abater também tiveram queda diária de R$ 2/@ nesta quarta-feira, e agora são negociadas por R$ 288/@ e R$ 303/@, respectivamente (preços brutos e a prazo).
“Puxada pelo cenário ainda incerto para as exportações, a pressão de baixa se mantém no mercado do boi gordo”, ressalta a consultoria.
Segundo a IHS Markit, as indústrias frigoríficas que atendem somente o mercado interno da carne bovina também reduziram fortemente as compras de boiadas, pois preveem uma queda de demanda nesta segunda quinzena do mês, quando há um esgotamento maior dos salários recebidos pelos trabalhadores.
De acordo com levantamento da IHS, alguns frigoríficos exportadores optam por adotar férias coletivas, em função da suspensão dos embarques ao mercado da China e também para países do Oriente Médio.
“Há mais relatos de plantas de grandes players do mercado pecuário que adotam férias coletivas, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste”, enfatiza a consultoria.
Por sua vez, os pecuaristas enfrentam grande dificuldade para escoar os seus animais já prontos para o abate.
“Nesse cenário, os raros negócios ocorrem por valores abaixo das máximas de mercado, resultado da pressão imposta pelos frigoríficos que não têm pressa para adquirir boiadas gordas”, diz a IHS.
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No mercado futuro, os contratos do boi gordo registraram recuos mais modestos, após dois dias seguidos de alta.
Os contratos com vencimento em outubro/21 e novembro/21 (pico da entressafra de boiadas gordas) tiveram baixa de R$ 1,70 e R$ 1, respectivamente, para R$ 301,95/@ e R$ 311,05/@.
No mercado atacadista, os preços dos principais cortes bovinos, assim como do couro e sebo industrial, seguem estáveis.
Segundo a IHS, o setor atacadista esperava uma reação leve da procura por reposição dos estoques de carne bovina, visando abastecer o varejo durante o final de semana.
“Porém, as sobras de estoque, em função do fraco consumo, inviabilizaram a operação”, relata a consultoria.
Com isso, os preços na ponta final de consumo apresentam tendência baixista, acrescenta a IHS.
Cotações máximas desta quarta-feira, 15 de setembro, segundo dados da IHS Markit: