O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia deve garantir isenção de tarifa para até 69 mil toneladas de carne bovina, segundo cálculo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). A previsão leva em consideração a cota de 99,9 mil toneladas equivalentes de carcaça, previstas no tratado.
“Considerando isso, e uma alíquota bastante diferente do que praticavam, estamos caindo de um patamar de 75% alíquota que era praticada para o Brasil e passamos a ser muito mais competitivos na nossa cesta de ofertas para a União Europeia”, observa Antonio Jorge Camardelli, presidente da Abiec.
Princípio da precaução
Segundo Camardelli, o setor aguarda o inteiro teor do acordo para analisar os efeitos do tratado sobre o comércio de carne bovina. A maior preocupação, revela, ainda é a previsão do princípio da precaução. A medida permite a suspensão das importações europeias caso seja constatado que o Brasil não tem cumprido cláusulas do acordo, sobretudo socieconômicas.
“O acordo tem que ter isonomia no tratamento dos seus participantes. A gente ainda não sabe detalhes, não sabemos se o principio de precaução valor para os outros países do acordo ou só para o Brasil”, destaca o presidente da Abiec ao ressaltar que Uruguai e Argentina já possuem acesso privilegiado ao mercado europeu.
“A expectativa que se tem é de conhecer mais a fundo o acordo para que a gente possa saber em detalhes a sintonia fina do tratado. Caso fique confirmado um tratamento desigual ao Brasil, o governo vai ter que explicar qual foia visão dele em relação ao deferimento ou não das cláusulas”, explica Camardelli.