Por: Nina Souza
P ara não esquentar a cabeça no inverno, é bom se preocupar com o processo de preparação da silagem, do corte ao preenchimento dos silos. A qualidade do alimento, seja milho ou sorgo, é fundamental para garantir a boa produção das vacas leiteiras e a qualidade do leite.
Para quem se programou direitinho, a lavoura deve estar agora em ponto de corte. O agrônomo Igor de Carvalho, especialista em produção de forragens, afirma que no caso do milho este ponto é quando a planta apresenta entre 30% e 35% de matéria seca. Já no caso do sorgo, para colhedoras sem processador de grãos, o ideal é entre 27% e 32% de matéria seca. “Os grãos no centro da panícula estarão começando a ficar farináceos. Por isso, a colheita é antecipada com o objetivo de reduzir as perdas de grãos nas fezes”. Para colhedoras com processador de grãos pequenos, o indicado é entre 30% e 35% de matéria seca. “Pode-se colher em estágio mais avançado para aumentar o teor de amido e a energia da silagem”.
Outro ponto importante é o tamanho médio das partículas, o que representa um papel-chave na digestibilidade e na velocidade de passagem do alimento pelo trato digestório. O agrônomo Carlos Eduardo Freitas Carvalho, da Cooperideal, explica que o tamanho da partícula é extremamente importante por dois motivos: primeiro, porque quanto maior ela for, mais difícil será a compactação, com a retirada de todo o oxigênio para que se tenha o processo de fermentação anaeróbica no alimento armazenado. O segundo motivo está ligado à questão da digestibilidade e produção de bicarbonato pelo próprio animal através da saliva.
O tamanho ideal, afirma o agrônomo, é entre 1 cm e 1,5 cm. “Quando a partícula é muito grande, a taxa de passagem dentro do rúmen do animal é mais lenta, o que dificulta o processo de digestão”, explica. “Menor que isso também não é indicado, pois a taxa de passagem fica muito rápida, o que vai fazer com que o aproveitamento e a digestibilidade da silagem seja perdida”, pondera.
Ele destaca ainda a importância do maquinário para maceração dos grãos. “O mais importante é que a máquina tenha condição de macerar e danificar os grãos. Senão, eles vão entrar no processo digestório do animal e não vão ser aproveitados. Ou seja, a digestibilidade do amido vai ser muito baixa”, informa. Por isso, orienta, é interessante que os produtores tenham máquinas que consigam processar o alimento corretamente. “Máquinas como as automotrizes, que colhem silagem de maneira mais rápida que as antigas forrageiras puxadas a trator. Elas conseguem fazer essa maceração com um implemento interno chamado craquer. fazendo com que a digestibilidade da silagem seja boa”, explica Carlos Eduardo Carvalho.
Vedação
Já com relação à vedação, é extremamente importante que seja feita o mais rápido possível. O indicado é que o produtor faça mais de um silo em sua propriedade, para que feche a produção e armazenamento da silagem em no máximo três dias. “A vedação deve ser realizada o quanto antes, a fim de cessar a respiração das células e iniciar a fermentação anaeróbica”, explica o consultor.
Ele orienta ainda a utilizar lonas de boa qualidade e, se possível, cobrir o silo com terra, pois o peso mantém a compactação, protege a lona do ressecamento, reduz o risco de furos por animais e reduz a infiltração de oxigênio através da lona. “Caso não seja possível a cobertura do silo com terra, o uso de filme barreira a oxigênio sob a lona convencional e de pesos sobre a lona são importantes para reduzir as perdas”, diz.
Apesar das dicas, os especialistas aconselham os produtores a procurar assistência técnica profissional, para conseguirem produzir uma silagem de qualidade e, assim, garantir o bom desempenho do rebanho. “A consulta a um técnico da área de forragicultura é indispensável para que não se cometam erros experimentando novas tecnologias ou modismos que sempre aparecem no meio rural. Lugar de fazer teste é no campo experimental, não na propriedade”, diz Igor.