Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)
Nesta nova coluna apresentarei, mês-mês, rotinas no manejo sanitário dos rebanhos de corte, com destaque às vacinações e às vermifugações, e informações atualizadas da ocorrência de surtos de doenças bovinas no Brasil, e se muito importantes também no exterior.
Contaremos com os levantamentos feitos pelo MAPA e pelas Agências Estaduais de Defesa Sanitária Animal, assim como estudos recentes publicados por pesquisadores brasileiros, além do meu acompanhamento na rotina do manejo de fazendas.
Tais informações específicas são inéditas entre as revistas técnicas brasileiras e podem ajudar os pecuaristas, extensionistas e técnicos na melhora do manejo sanitário dos rebanhos.
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Vermifugação Estratégica 1
Agosto é o mês do 2º tratamento anual estratégico com anti-helmínticos, a ser feito em bezerros desmamados até o 24º m de idade. Recomendo, nessa aplicação o uso de vermífugos a base de levamisole-L.
Esse manejo é aplicado em rebanhos criados nas áreas do Brasil Central Pecuário (nordeste de Santa Catarina, Estado do Paraná, regiões sudeste e centro-oeste; Tocantins, Rondônia, Acre, sudeste da Bahia e área amazônica do Maranhão).
Essa vermifugação tem como finalidade diminuir o número de vermes ainda presentes, ao término das chuvas, no boi, e reduzir a quantidade de larvas de vermes na pastagem.
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Vermifugação estratégica 2
Para quem instituiu a estação de monta de outubro a janeiro, em agosto iniciam-se os nascimentos. Estudos brasileiros indicam que dentre as vacas de corte, as novilhas paridas é que têm, nesse período, um maior “relaxamento” nas suas defesas contra vermes, contaminando mais a pastagem da bezerrada.
Para prevenir isso, recomenda-se uma única vermifugação no dia do parto das novilhas, com o princípio ativo “moxidectina”.
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Nascimento de bezerros
No caso da estação monta de outubro à janeiro, em agosto iniciam-se os nascimentos. Verifique o pasto-maternidade para ver se está sujo demais, pois algumas vacas escondem os bezerros em moitas de capim ou mato.
Caso o pasto-maternidade tenha mais de quatro anos de uso contínuo providencie uma outra área, pois quanto mais tempo se usa este piquete maior será a ocorrência de diarreias na bezerrada. Prepare a solução de iodo com 5 % a 6% para o tratamento de umbigo. Treine o seu colaborador para pesar com balança móvel ou estimar, com uso de fita métrica (veja o folheto AQUI), e anotar o peso dos bezerros nascidos. Isso é fundamental para o planejamento de prevenção de morte da bezerrada.
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Ataque de morcegos
Constatei, no mês de julho, um aumento de 25% no ataque de morcegos em bovinos criados em algumas propriedades paulistas. Boa parte do acasalamento dos morcegos ocorre nos meses de julho a setembro.
Como a gestação dura cerca de 205 dias e a lactação 4 meses, na desmama as mães ensinam os jovens morcegos a atacarem os bovinos, aumentando a população e o número de mordeduras.
Caso esta predação seja muito alta em seu rebanho, no Estado de SP, solicite a captura e controle da população desses alados; clique AQUI.
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Surtos de raiva em São Paulo e no Rio Grande do Sul
Segundo informações das agências de defesa sanitária paulista e gaúcha estão ocorrendo, no momento, surtos de raiva bovina em rebanhos dos seguintes municípios paulistas: Capão Bonito, Ribeirão Grande, Sorocaba e São Sebastião da Grama.
Já no Rio Grande do Sul, surtos nos municípios de Itacurubi, Santiago, Muçum, São Borja, Bossoroca, Glorinha e Gravataí.
A recomendação é vacinar contra a raiva todo o rebanho (acima de três meses de idade), situado num raio de 30 km ao redor destes municípios.
Você gostou desta coluna? Tem alguma sugestão ou informação nova? Por favor, me escreva no e-mail ortolani@usp.br.