Estudo publicado pelo Cepea/Esalq-USP nesta terça-feira, 6 de julho, em parceria com a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), mostra que, com o avanço da fronteira agrícola nos últimos anos, as regiões do País que são tipicamente de pecuária têm apresentado a introdução de culturas anuais, como a soja, elevando a competição pelo uso da terra. Nesse contexto, diz a equipe de pesquisadores do Cepea, os sistemas de produção que apresentam maior atratividade econômica aos produtores tendem a prosperar, enquanto os menos rentáveis terão sua presença reduzida gradativamente.
Diante dessa premissa, os analistas do Cepea/Esalq-USP aprofundaram os estudos usando como base os dados da região de Alta Floresta (MT), levantados pelo Projeto Campo Futuro, considerando propriedades de cria e de recria e engorda. De acordo definição dos pesquisadores, a capacidade de avaliar a performance econômica das atividades exercidas é premissa básica para uma boa gestão, sendo a análise da taxa de remuneração do capital investido (TRC) uma das ferramentas disponíveis. Esta análise compara o retorno da atividade com o de outros sistemas de produção e taxas de juros. Sendo assim, avalia o Cepea, quanto maior a remuneração sobre o capital investido, maior a atratividade do sistema.
Para o cálculo da TRC, a margem líquida da atividade (diferença entre a receita bruta anual e Custo Operacional Total), é dividida pelo capital investido na propriedade, composto pelos valores das benfeitorias, máquinas, implementos, utilitários, rebanho e terra.
Em Alta Floresta, as margens líquidas em junho de 2019 foram de R$ 221,40 e R$ 291,87 por hectare de área produtiva para cria e recria e engorda, respectivamente. Para o período analisado, os respectivos capitais investidos são de R$ 25.339,76 e R$ 32.401,67/ha.
Como resultado, as propriedades típicas de Alta Floresta atingem TRC de 0,87% e 0,90%, respectivamente, ficando abaixo de taxas fixas dos mercados de investimento, como a Selic 2018 (taxa básica de juros da economia nacional), de 6,4%; poupança, 4,62%; e CDI, que acumulou 6,42% no período.
Dados do Projeto Campo Futuro de Sinop, região próxima a Alta Floresta, apontam que os sistemas de soja e milho safrinha apresentaram margem de R$ 666,05/ha, com taxa de remuneração de 2,83%. Essas diferenças indicam que existem outros investimentos mais rentáveis que os sistemas de produção avaliados.
Porém, as propriedades amostradas não demonstram o potencial produtivo para atividade pecuária. Por meio da tecnificação da atividade e incremento de produtividade, os sistemas podem se tornar tão competitivos quanto as demais culturas e remunerarem acima das taxas fixas apresentadas, diz o estudo. “Dessa forma, avaliar a fundo os gargalos do sistema produtivo pecuário, visando otimizar os processos inerentes à atividade, deve ser prioridade para os gestores das fazendas”, ilustra. Para este fim, treinamentos e assessoria técnica qualificada devem sempre ser procurados, para definir o curso de ações mais adequado à cada caso”, acrescenta.