Revendo pontos da História: Nitrogênio e Genética

Engenheiro agrônomo Helio Casale destaca importância da amônia e da genética para a produtividade do café

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O tempo passa e descobertas que foram registradas de uma maneira fora da realidade acabam por se perpetuar ao longo do tempo. Diz um velho ditado que: Uma mentira repetida inúmeras vezes acaba por virar uma verdade. Assim é que vale desmitificar duas importantes descobertas a fim de dar o devido valor aos profissionais que as realizaram por primeiro, os pioneiros.

Descoberta da amônia

Registra a História que, na primeira metade do século passado, morreram de fome mais de 15 milhões de chineses, por falta de alimentos. Disputavam restos de comida e até fezes para a adubação de suas hortas, pelas cidades, para sobreviver.


Foi em 1905 que dois cientistas noruegueses, Sam Heyde e Kristian Birkeland, fundadores da empresa Yara, descobriram o processo de extração do nitrogênio do ar, tendo como base o uso de descarga elétrica (uso de hidroeletricidade) para produzir amônia, e daí, ácido nítrico e derivados. Na literatura mais divulgada, tais responsáveis por essa grande descoberta foram Haber e Bosh, isso em 1908. Nada que desmereça tais cientistas. O processo de Haber/Bosch se espalhou pelo mundo mais rapidamente por ser menos oneroso que o de Heyde e Birkeland. Méritos para as duas duplas que, com suas invenções, conseguiram viabilizar a produção de mais alimentos e mitigar a fome de milhões de pessoas mundo afora.

Haber era judeu naturalizado alemão e ajudou a salvar bilhões de vidas livrando-as da fome. Viveu na mesma época de Eisntein que era seu amigo e o considerava muito vaidoso, durão na fala, nos atos e nos sentimentos. Sua grande descoberta começou nos idos de 1908 com uma discussão acadêmica quando um eminente professor de química chamado Walther Nernst questionou cálculos e estudos publicados por Haber sobre a combinação de hidrogênio e nitrogênio a altas temperaturas.

A possibilidade de ser humilhado pela comunidade científica deixou Haber muito nervoso, e isso acarretou problemas em seu sistema imunológico, como secura e vermelhidão na pele, prisão de ventre e insônia, e ainda o levou a ser mais obcecado pelo trabalho. Ao refazer seus cálculos, o químico acabou descobrindo um jeito de fixar o nitrogênio do ar. Isso foi em julho de 1908.

Num laboratório montado pela Basf, no sul da Alemanha, quando ele misturou o hidrogênio com o nitrogênio do ar numa câmara a 600 graus de temperatura e pressão 200 vezes maior que a do nível do mar, conseguindo assim produzir amônia. O objetivo inicial das pesquisas previa o uso do nitrogênio como armamento químico. Só depois dessa façanha é que foi possível observar que a Amônia era um poderoso fertilizante e permitiria estabelecer a agricultura em escala industrial, com alta produtividade.

Na época surgiu o comentário: “o homem conseguiu transformar o ar em pão”. Para entender melhor a importância dessa descoberta, é preciso lembrar como funcionava a agricultura de então. As plantas de ontem e de hoje não são capazes de retirar o nitrogênio do ar, absorvendo-o do solo. A cada colheita, o solo se torna mais pobre em nitrogênio, o que antigamente era remediado com o emprego de esterco, mas esse método até os dias atuais está longe de ser eficiente. Para a obtenção de apenas 18 kg de nitrogênio são necessários 15 toneladas de esterco de galinhas poedeiras, enquanto apenas um saco de 50 quilos de um fertilizante industrial tem mais de 15 quilos do elemento.

Antes de Haber a agricultura era sonho dos sustentáveis – desde que o sustento não seja o da própria vida humana. Não havia os “agrotóxicos” nem os fertilizantes minerais ou sintéticos. Os agricultores da época evitavam as pragas e doenças das plantas com técnicas milenares. Famílias plantavam e colhiam com as mãos ou com ferramentas rudimentares. Esse mundo idílico e ecologicamente correto tinha um resultado: a fome, porque as produtividades eram baixas.

Em pleno século 21 a produção e disponibilidade de alimentos aumentaram linearmente. A chamada Revolução Verde, que rendeu a Norman Borlaug o Prêmio Nobel da Paz em 1970, não está sendo reconhecida pelos ambientalistas de plantão, que pensam que parte do nitrogênio aplicado no solo vai para os rios alimentando algas que diminuem o oxigênio das águas comprometendo a vida dos seres aquáticos: que os alimentos estão contaminados por “agrotóxicos” causando problemas de saúde.

Na realidade, os agroquímicos evitaram a derrubada de milhões de hectares de florestas, incrementaram a disponibilidade de alimentos, aumentando a expectativa de vida média da humanidade. Só não vê quem não quer.

Quando se alimentar, saboreando a refeição, lembre-se de agradecer à aquele que plantou, cultivou, colheu, e que fez chegar o alimento até sua mesa. Agradeça também aos cientistas de plantão, aos engenheiros, aos químicos e aos industriais. Os agricultores estão envolvidos na tarefa de dar a todos uma sobrevida digna e saudável. Lembre-se também para pensar como seria se imperasse entre nós a tal da agricultura orgânica.

Café Mundo Novo

A verdadeira origem da variedade de café ‘Mundo Novo, atualmente entre as mais plantadas no País, foi testemunhada por mim, que passava as férias escolares, todas elas, na Fazenda Bacuri, propriedade da família, na região de Catanduva (SP).

Na segunda metade do século passado, uma família de Mineiros do Tietê, cidade próxima de Jau, no centro do Estado de São Paulo, estava seguindo em carro de bois para a região de Marília, para abrir nova área e plantar café. Passando por Mundo Novo, hoje Urupês, pediram pouso na fazenda do Sr. Pedro Mazzaro, um italiano que tinha bela fazenda de café vizinha a dos meus tios Domingos e José Sanchez. Contou-nos o Sr. Pedro – “pediram para dormir no paiol, mas eu os fiz dormir dentro da minha casa, o pai, a mãe e os dois filhos ainda pequenos”.

No dia seguinte, encangaram os bois e, em agradecimento, deram ao Sr. Pedro uma generosa porção de sementes de um café, que traziam lá de Mineiros, dizendo que o plantasse, pois era material muito interessante, produtivo e vigoroso. Sr. Pedro fez mudas e deu algumas delas para meus tios, que fizeram replantas nas lavouras de Bourbon que tinham na fazenda da família, a Bacuri.

Em pouco tempo as replantas se destacaram dentro das lavouras. Lembro-me bem, eram apenas 10. Meus tios, que ainda moravam em Pindorama, quando iam para a Bacuri, passavam pela Estação Experimental do IAC que era gerenciada pelo Dr. João Aloise Sobrinho. Chamaram a atenção dele para o fato e logo em seguida lá estava ele na Bacuri. Pediu que cercassem as tais replantas, o que meus tios fizeram com 8 fios de arame farpado.

Na segunda produção, levou sementes para o Dr. Alcides Carvalho e deu no que deu. Visão do profissional administrador da Experimental e abençoada pesquisa séria, acabaram nos brindando com uma das variedades mais plantadas no Brasil, um híbrido espontâneo de Típica com o Bourbon.

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