Neste ano, o tradicional leilão da empresa será realizado em Campo Grande (MS); todo o trabalho de seleção já se concentra em território sul-mato-grossense
Por Carolina Rodrigues
A Agropécuária CFM dá mais um passo rumo à concentração de seus negócios no Centro-Oeste. Após 24 anos ininterruptos, deixará de realizar seu tradicional leilão na Fazenda São Francisco, em Magda (SP), transferindo-o para Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, onde a empresa mantém as Fazendas Lajeado (em Dois Irmãos do Buriti), e Paiaguás (em Aquidauana), ambas próximas ao Pantanal. Juntas, elas somam 13.000 ha e abrigam um rebanho de 25.000 cabeças, sendo 11.0000 matrizes.
Empresa de origem inglesa sediada no Brasil desde a década de 1920, a CFM é considerada uma potência na produção de touros CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção), documento que há 30 anos comprova a superioridade genética de seu rebanho.
A transferência do leilão para Campo Grande faz parte da nova estratégia comercial da empresa, que busca maior facilidade logística (seus touros já são produzidos na região) e reposicionamento no mapa atual da pecuária brasileira, que tem migrado de São Paulo para outras regiões, empurrada pela agricultura.
As terras da empresa em São Paulo serão destinadas exclusivamente à produção de cana-de-açúcar para abastecer usinas vizinhas. Tanto a pecuária quanto a produção de eucalipto serão concentradas no Mato Grosso do Sul. A mudança, segundo a CFM, visa facilitar a comercialização de touros, que garante boa parte da receita da pecuária, atividade responsável por 20% do faturamento anual da empresa, estimado em R$ 270 milhões.
A CFM vende entre 1.200 e 1.500 touros por ano, e o principal destino é o Centro-Oeste, principalmente Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “Estamos vindo para perto da vaca. A cria está se concentrando no Pantanal”, resume Tamires Neto, gerente de pecuária da CFM. Quando tornou-se pioneira no programa CEIP, em 1993, a CFM comercializava 477 touros para 22 clientes. Em 2021, vendeu 1.119, para 127 clientes, em 13 Estados. A empresa detém o recorde histórico de comercialização de reprodutores certificados no Brasil: são cerca de 47.000, ao longo de 30 anos, para todos os Estados brasileiros, e também para o Paraguai.