O professor titular da FMVZ-USP e colunista da Revista DBO, Enrico Ortolani, explica que é importante apartar os mais leves dos demais para evitar que ganhem menos peso
Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)
Na biologia, a soma de 2+2 muitas vezes não é 4. As variações de natureza biológica fazem com que esse resultado não seja exato. Múltiplos fatores (com destaque para os genéticos, raciais, fisiológicos, nutricionais, ambientais, comportamentais e de saúde) interferem em tais fenômenos, seja o número de batimentos do coração por minuto, seja o peso ao nascimento ou ao desmame, resistências às doenças etc.
Se os mensurarmos, identificaremos a mesma tendência de distribuição de resultados em todas as espécies biológicas, da bovina à humana ou mesmo de um simples verme. Em boa parte dos casos, se colocada num gráfico, essa distribuição terá o formato de um sino, conhecido como curva de Gauss.
Vamos exemplificar. Pensemos em uma vacada Nelore mantida no pasto com suplemento mineral e coberta, durante a estação de monta (outubro/dezembro), por touros da mesma raça. Seus bezerros não recebem creep-feeding. Na desmama aos 230 dias de vida, eles são pesados e os machos apresentam, em média, 180 kg, com variação de 35 kg entre o animal maior (215 kg) e o menor (145 kg). Nas fêmeas, a média é de 163 kg, com variação de 27 kg entre a bezerra mais pesada (190 kg) e a mais leve (136 kg).
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Quando lançamos esses dados num gráfico (veja figura abaixo), um maior percentual de animais se mantém próximo ao peso médio, e nas pontas, em menor número, ficam os bezerros de “cabeceira” e os de “traseira” (fracos e leves). Embora em menor grau, esse tipo de dispersão também ocorre em rebanhos bem manejados, de boa genética, e na bezerrada tratada em creep.