Segundo analistas, as grandes indústrias do setor intensificaram os modelos de parcerias para garantir a oferta de matéria-prima no atual período de entressafra
Por Denis Cardoso
A pergunta acima, repetida em artigo recente publicado pelo médico veterinário Leandro Bovo, é a que mais se escutou durante o mês passado nas rodas de conversas de qualquer um envolvido com a pecuária de corte, segundo relatos dele próprio. Na avaliação de Bovo, que é sócio e diretor da Radar Investimentos, com escritório na capital paulista, a entressafra deste ano está com “pouca cara de entressafra” – pelo menos essa era percepção do analista até o início de agosto (período de fechamento desta edição DBO).
“Ao longo de julho, a oferta (de animais terminados) foi confortável e crescente, permitindo o alongamento das escalas de abate dos frigoríficos para níveis poucas vezes vistos no passado recente”, afirmou Bovo.
Na última semana de julho, o surgimento de animais terminados nos balcões de negócios espalhados pelo País resultou em enfraquecimento dos preços do boi gordo em todas as principais praças. “O mercado do boi gordo abriu julho com preços firmes, mas perdeu o ímpeto e não tem seguido o manual”, avalia o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria (de Bebedouro, SP), reforçando as palavras do diretor da Radar Investimentos.
Dados apurados pela IHS Markit, consultoria também sediada em São Paulo, mostram que as cotações do boi terminado no mercado paulista registraram retração de R$ 5/@ (ou acima deste patamar em algumas outras regiões) ao longo de julho, na comparação com os preços de fechamento do mês anterior, encerrando o período em R$ 315/@ (veja tabela abaixo). Pelos números da Scot, no final do mês passado, o valor do boi gordo paulista “comum” (sem prêmio-exportação) ficou em R$ 308/@, versus R$ 317/@ visto no encerramento de junho – uma queda mensal de quase 10@.
