O professor titular da FMVZ-USP e colunista da Revista DBO, Enrico Ortolani, explica a grave inflamação da pele de animais provocada pela luz ultravioleta solar
Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)
No meu começo de carreira, assisti a uma palestra que marcou minha vida científica. O sábio pesquisador afirmou: “Você quer entender uma doença, para saber diagnosticá-la, tratá-la e preveni-la? Então, compreenda bem os mecanismos pelos quais ela se desenvolve!”. É o que chamamos, na clínica, de patogenia (páthos = doença; genia = origem).
A “requeima”, por exemplo, chamada cientificamente de fotossensibilização (foto = luz), é de facílimo diagnóstico, mas nem sempre bem compreendida, por desconhecimento de sua origem. Trata-se de uma grave inflamação da pele causada por compostos ingeridos ou gerados no organismo que se acumulam na tez e, quando submetidos à luz ultravioleta (UV) solar, provocam “queimadura”.
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As principais áreas afetadas são aquelas com pele branca não recoberta por melanina, que é um protetor solar natural. Bovinos de até dois anos são mais acometidos do que a boiada velha. A doença surge muitas vezes entre abril e agosto, em anos chuvosos. A fotossensibilização é diferente da queimadura por exposição ao sol, pois nesta não há nenhuma outra substância para gerar lesões na tez, causada exclusivamente pelos raios UV. Sofri muito com isso quando garoto, pois não existia protetor solar.