Do modelo de ILP à categoria animal escolhida como mais adequada, passando pela troca da equipe, fazenda em Mato Grosso do Sul trilha a via da rentabilidade
Por Ariosto Mesquita
Iniciativas ao longo da última década já comprovaram que a integração lavoura-pecuária (ILP) responde a um bom investimento. Mas se existe retorno, o que efetivamente ela exige do gestor da propriedade? A experiência do empresário e produtor rural, Ricardo Backheuser Jr. (dono da LGGL Agropecuária e Participações Ltda.), pode ajudar na resposta à esta pergunta. Há quase quatro anos, ele investiu em um projeto de ILP (soja + bovinocultura de corte) que já está entrando em sua terceira fase de ajuste. Iniciou a pecuária fazendo recria e terminação de novilhas. Ano passado, trocou as fêmeas pelos machos e enxugou o rebanho.
Agora, a partir do ciclo 2021/2022 pretende se estruturar para fazer sua própria reposição, apostando na cria em duas áreas de apoio cuja compra negocia. Os resultados estão acompanhando os esforços. O faturamento por hectare com a pecuária subiu de R$ 173 para R$ 519 entre os ciclos 2018/2019 e 2019/2020. Em 2020/2021, mesmo cedendo mais área para a soja, elevou a receita da atividade de corte proporcionalmente, batendo em R$1.050/ha. A soja, após um período de difícil adaptação dentro do sistema, segue o mesmo caminho. Depois de render R$ 406/ha em 2019/20, tem projeção de atingir R$ 1.661/ha em 2020/21 (colheita iniciada em março).
O desafio começou em 2017. Naquele ano, Backheuser, que tinha a ILP como uma de suas metas de trabalho, decidiu estruturar um projeto no Mato Grosso do Sul. Antes disso, se cercou de assessorias técnicas para não errar a tacada. O primeiro passo foi a escolha da área. Encontrou e comprou a Fazenda Cedro, uma propriedade agrícola de 2.400 ha em Campo Grande. Mas o cenário plausível para lavoura não indicava necessariamente sucesso para a integração. As terras adquiridas (distantes 40 km da área urbana da capital) são altamente arenosas (12% a 15% de argila) dentro de uma região sujeita a veranicos e geadas pontuais, carregada de desequilíbrio pluviométrico ao longo de pelo menos oito meses do ano (março a outubro), intervalo em que o fotoperíodo cai consideravelmente. Isso exigiu uma condução adaptada a estas particularidades.