Fazenda em São Francisco do Guaporé (RO) investe em avaliação de DNA para elevar peso à desmama dos bezerros oriundos da monta natural
Por Denis Cardoso
Diante dos avanços proporcionados pela Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) – ferramenta que, entre 2018 e 2021, avançou 130% no Brasil, atingindo mais de 26 milhões de sincronizações de cio, segundo cálculos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) –, uma pergunta não sai da cabeça dos pecuaristas que passam a utilizar a tecnologia em larga escala: o que fazer com os touros de repasse da propriedade?
Tal indagação faz todo sentido, já que os reprodutores utilizados na inseminação passam, cada vez mais, por provas rigorosas que comprovam a superioridade genética, o que invariavelmente resulta na geração de bezerros e bezerras mais pesados à desmama ou com maior desempenho materno, por exemplo, em relação aos lotes de animais nascidos de touros usados na monta natural, que geralmente não são testados da mesma maneira criteriosa adotada pelos programas de melhoramento genético da raça Nelore.
Uma das saídas seria descartar todos os touros da fazenda, apostando somente no uso repetitivo (até três ressincronizações) da IATF. É uma estratégia que exige uma organização mais rigorosa da fazenda, pois os animais precisam ser levados e manejados até o curral mais vezes.
Outra saída, que vem ganhando terreno, é a incorporação da genômica como ferramenta única de seleção dos animais. O médico veterinário Pietro Sampaio Baruselli, professor responsável pelo Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, confirma o crescimento de projetos de seleção de animais que passam somente pelo crivo da genômica, sem vínculo a um programa de melhoramento genético. “É, sim, uma tendência crescente, não só no Brasil, mas sobretudo em alguns outros países que se destacam na pecuária, tanto de corte quanto de leite.”