Animais devem ser inspecionados e tratados nos meses mais quentes do ano, para controlar as moscas e evitar perdas, principalmente em bezerros
Por Larissa Vieira
Em uma gestão onde cada real investido conta para o sucesso do negócio, não cabe a possibilidade de ver a rentabilidade encolher por causa de um problema sanitário passível de prevenção ao tratamento eficaz. Essa premissa pode muito bem ser aplicada às miíases (normalmente chamadas pelo produtor de bicheiras), problema que acomete inúmeros rebanhos de Norte a Sul do País. Tais infestações reduzem o desempenho dos animais e causam lesões no couro, acarretando prejuízos estimados em US$ 100 milhões/ano, considerando-se desde o uso de medicamentos até perdas por morte.
A bicheira ocorre quando moscas da espécie Cochliomyia hominivorax depositam ovos nas feridas dos animais, qualquer que seja a parte do corpo atingida. Desses ovos (semelhantes a pequenos grãos de arroz e visíveis a olho nu), eclodem larvas de primeiro estágio, que começam a se alimentar dos tecidos do bovino. No segundo e terceiro estágios, elas ficam maiores e são capazes de produzir grandes quantidades de enzimas digestivas, que irão destruir os tecidos dos hospedeiros, tornando as infestações mais graves.
Segundo a veterinária Márcia de Sena Oliveira, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), as miíases provocadas por essas moscas ocorrem em 94% dos municípios dos 26 Estados brasileiros, com maior notificação em bovinos nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. O problema afeta principalmente os bezerros ao nascimento, devido à ferida do umbigo, e as vacas no pós-parto, sobretudo quando ocorre alguma dificuldade no parto, levando à formação de feridas na pele e nas mucosas. Segundo Márcia de Sena, tratar o umbigo dos bezerros com uma solução de álcool iodado, limpar e desinfetar as feridas das vacas ajuda muito na prevenção das infestações. “O principal cuidado é manter a vigilância. Ovos e larvas devem ser eliminados o mais rápido possível, a fim de se evitar danos maiores”, orienta a pesquisadora.