Estrutura durável e eficiente para sombreamento garante melhoria no desempenho animal e redução no consumo de água em confinamentos
Por Maristela Franco
Quem visita a Fazenda Santa Rosa – propriedade da Agropastoril Paschoal Campanelli, em Altair, no oeste paulista –, é imediatamente atraído pelo “mar de bois” de seu confinamento comercial, porém, caminhando um pouco mais, depara-se com algo diferente: as instalações do Centro de Pesquisas Campanelli, uma das maiores unidades experimentais privadas da América Latina, apta a receber 1.856 animais para fins de pesquisa e já em fase de expansão (em breve, terá capacidade para 3.616 cabeças).
Quando DBO visitou a propriedade, no início de março, o centro tinha quatro linhas de engorda com um total de 36 baias, sendo 32 maiores (para 55 animais cada) e quatro menores (24 cabeças cada). Estas últimas, de perfil totalmente high tech, abrigavam equipamentos Intergado para pesagem voluntária dos animais, medidores de ingestão hídrica, cochos eletrônicos que monitoram o consumo de ração e câmeras que registravam continuamente o comportamento dos animais. Em frente a elas, uma sofisticada estação meteorológica.
Porém, o que mais chamava a atenção eram as estruturas de sombreamento instaladas em duas das linhas de engorda, munidas de coberturas flexíveis, feitas com cabos de aço e telhas de galvalume.
O modelo, batizado de smart shading (sombreamento inteligente), difere bastante dos anteparos de sombrite encontrados em projetos de engorda brasileiros. Victor Campanelli, diretor da empresa, privilegiou quesitos como durabilidade e qualidade da sombra. As telas comuns, segundo ele, bloqueiam apenas 70%-80% da radiação solar e não suportam por muito tempo chuvas fortes associadas a vendavais. Os ganhos decorrentes do sombreamento são engolidos pelos gastos com manutenção.
“Por isso, após ver modelos mais resistentes e que bloqueiam 100% da radiação solar nos EUA, Austrália e principalmente no México, onde muitos animais Brahman (zebuínos como nosso Nelore) sofrem com o estresse térmico, me inspirei neles para desenvolver uma estrutura mais adequada às condições dos confinamentos brasileiros”, conta Victor.
“Como se tratava de algo novo, decidi instalá-lo, em 2019, na unidade de pesquisa que havíamos acabado de montar para uso próprio e parcerias. Sempre quis saber quanto a sombra influi no desempenho dos animais confinados no Brasil, mas precisava de dados em maior escala”, justifica.