Pesquisadores da equipe de macroeconomia do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, avaliaram o impacto da pandemia e das medidas de socorro, especificamente do auxílio emergencial do governo federal, sobre as condições de vida da população do Brasil rural entre maio e junho de 2020. O estudo foi publicado nesta terça-feira (11/8), pelo Cepea.
De acordo com os pesquisadores, o auxílio emergencial aumentou a renda e reduziu a pobreza no Brasil rural. Em maio, 64% da população rural do País teve acesso ao benefício governamental e, em junho, a cobertura aumentou, chegando a 68% dos moradores de domicílios rurais. Conforme os pesquisadores, essa ampliação da cobertura favoreceu sobretudo os mais pobres: nos domicílios da mais baixa faixa de renda, a cobertura passou de 85% para 92%.
Pesquisadores verificaram que o programa do governo federal teve impacto positivo na renda domiciliar média no período, mantendo o poder de consumo nas faixas mais altas e o ampliando nas mais baixas. O estudo aponta que a renda média efetivamente recebida pelas famílias da mais baixa faixa de renda foi de R$ 956 em junho, valor que representou 362% da renda habitualmente recebida por essas famílias, de R$ 264. Diante deste cenário, os pesquisadores afirmam que o auxílio do governo federal foi essencial para reduzir a pobreza e também a pobreza extrema no meio rural diante da pandemia no período.
O efeito positivo do programa se acentuou de maio para junho. Em junho, o auxílio emergencial foi responsável por retirar 7,3 milhões de pessoas da pobreza extrema no Brasil rural, reduzindo de 27,7% para 3,5% a parcela da população abaixo da linha de pobreza extrema.
Considerando-se a linha mais branda, a redução na taxa de pobreza devido ao auxílio foi de 21,8 pp, de 55,6% para 33,8%. Isso evidencia que o benefício contribuiu sobremaneira para ampliar o número de não pobres e reduzir significativamente o número de extremamente pobres no meio rural.