Pesquisa mostra que animais confinados nesse período (60 dias) não perdem peso quando voltam ao pasto, até engordam mais. E o capim agradece
Por Ariosto Mesquita
Será que bovinos submetidos a uma recria confinada (sequestro) nos primeiros meses de recria (pós-desmama), durante a transição da seca para as águas (outubro/dezembro) perdem peso ao voltar depois para o pasto, em pleno período chuvoso? Pesquisa realizada na Universidade Estadual Paulista (Unesp), unidade de Jaboticabal, SP, em parceria com a Trouw Nutrition, mostra que não. Pelo contrário, usando essa estratégia, o produtor pode entregar um animal superior ao final da terminação. No estudo, a diferença média no abate, a favor dos lotes sequestrados no início da recria, chegou a R$ 35,2 kg por animal e R$ 20,6 kg por carcaça.
O trabalho foi desenvolvido de outubro de 2017 a setembro de 2018, com 81 machos Nelore cedidos por um produtor parceiro. Eles pertenciam ao mesmo grupo contemporâneo e tinham peso médio inicial de 231 kg. O grupo foi dividido em três lotes de 27 cabeças cada, submetidos a três tratamentos diferentes. O primeiro grupo (T1), considerado “controle”, permaneceu a pasto durante toda a recria, recebendo na transição seca/águas (60 dias), um proteico-energético com 25% de proteína, na proporção de 3 g/kg de peso corporal.
Os demais lotes foram “sequestrados” também por 60 dias, com um deles (T2) recebendo ração com 85% de silagem de milho e 15% de concentrado à base de farelo de soja, milho moído, ureia e núcleo mineral com aditivos. O outro lote (T3) recebeu uma dieta contendo 60% do mesmo volumoso e 40% de concentrado.
Entre dezembro e maio (águas), os três grupos permaneceram a pasto (T2 e T3 em áreas vedadas durante os 60 dias anteriores), recebendo suplemento mineral com 80 % de fósforo (P) na ordem de 88 g/cab/dia. A partir de maio de 2018, todos foram confinados para engorda, com direito a ração mais energética (30% de volumoso e 70% de concentrado, consumo à vontade, cochos sempre com a mistura) durante 111 dias. Ao final, eles foram abatidos na unidade do Minerva Foods, em Barretos, SP, com a devida remuneração ao produtor parceiro.