Cereal associa-se ao volumoso de milho em projetos intensivos que fornecem principalmente novilhas precoces para a Cooperaliança
Por Denis Cardoso
A silagem de trigo (ainda pouco conhecida dos produtores) está ganhando espaço no sul do País, onde se concentra 90% da safra brasileira desse cereal. O volumoso tem sido incluído, principalmente, em dietas de novilhas precoces destinadas ao abastecimento de programas de carne premium. Quem garante é Rodolfo Carletto, que integra o corpo técnico da Cooperaliança Carnes Nobres, com sede em Guarapuava, PR. Agora com frigorífico próprio, a cooperativa tem abatido fêmeas de 16-18@ e machos de 20-22@, para suas marcas próprias Aliança Angus Premium e Novilho Precoce.
Em geral, o milho é o preferido na produção de volumoso ensilado, não só pelo potencial produtivo e a grande qualidade do alimento, mas pela tradição no cultivo, pela boa aceitação dos animais, pela ampla oferta de híbridos e pela possibilidade de automação da colheita.
“Evidentemente, a silagem de milho não perderá seu protagonismo, mas a de trigo também é excelente, podendo ser usada como volumoso complementar (situação mais comum) ou exclusivo”, diz Carletto, que é um profundo conhecedor do tema, tanto que, em 2012, defendeu dissertação de mestrado sobre a viabilidade do uso de uma cultivar de trigo com duplo propósito (serve tanto para produção de grão quanto para silagem).
Na avaliação de Carletto, independentemente do “fator preço”, há outras questões estratégicas importantes que justificam o uso trigo para silagem em detrimento do milho. O principal deles é o perigo iminente de ocorrência de geadas em certas regiões do País que optam pelo plantio do milho-safrinha, como é o caso de Guarapuava. Diferentemente do milho, as lavouras de trigo – e demais culturas de inverno (tais como azevém, cevada, aveia, centeio e triticale) – conseguem resistir melhor aos efeitos de intempéries climáticas comuns nesta época do ano, em certas regiões brasileiras.