Suinocultura americana poderia perder US$ 50 bilhões por febre africana

Estudo de economistas apontam dois cenários hipotéticos para estimar o impacto potencial da doença na indústria

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Um novo estudo realizado por economistas agrícolas da Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos, estima que o impacto econômico de um hipotético surto de febre suína africana (ASF, na sigla em inglês) no país pode significar à indústria local prejuízos de até US$ 50 bilhões, considerando um prazo de dez anos de descontrole da doença, de acordo com reportagem publicada pelo site norte-americano Feedstuffs.

“A produção de carne suína nos EUA excede o consumo doméstico em 25% a 30%, por isso é importante ter mercados de exportação abertos, pois são essenciais para a vitalidade do suinocultor americano”, disse Dermot Hayes, economista agrícola da Universidade Estadual de Iowa e dos autores do estudo.


Na pesquisa, foram estabelecidos dois cenários distintos, considerando o impacto da ASF no período de dois anos ou durante um prazo bem maior, de dez anos de descontrole da doença.

O cenário de dois anos supõe que os EUA controlem rapidamente o vírus e voltem a participar do mercado de exportação dentro desse período. O cenário para dez anos pressupõe que a doença se espalhe para os suínos selvagens e os EUA não possam eliminar o vírus durante o prazo estimado.

De acordo com o estudo, se o ASF fosse identificado nos EUA, o excedente de carne suína não exportada resultaria em queda de 40% a 50% nos preços internos do suíno vivo. Além disso, o excesso de oferta de carne suína no mercado doméstico levaria a reduções de preço de outras proteínas, e a menor demanda por grãos reduziria os preços dos alimentos.

Por sua vez, as perdas de receita para o cenário de dois anos seriam ao redor de US$ 15 bilhões, enquanto no cenário para dez anos os prejuízos estimados alcançariam a casa dos US$ 50 bilhões. “Garantir um cenário de dois anos versus o de todos os dez anos significa uma diferença de US$ 35 bilhões para o setor”, disse o cientista Howard Hill.

No cenário de dois anos, haveria perdas mínimas de empregos ao final de dez anos, sugeriu o estudo. O cenário para todos os dez anos, no entanto, significaria uma perda de 140.000 no final do período, 22.000 dos quais seriam perdidos em Iowa.

Os resultados do estudo indicaram que os custos associados a um surto de ASF nos EUA são significativos e exigem mitigação de riscos e salvaguardas para proteger contra a entrada da doença. O recolhimento de dados de movimento será necessário para pessoas, porcos, veículos, equipamentos e alimentos. “Essas informações precisarão ser compartilhadas rapidamente com autoridades estaduais e federais de saúde animal, veterinários e produtores vizinhos, para ajudar um ao outro a conter a doença”, afirmou Hill.

Ter acesso imediato a dados eletrônicos para todos os tipos de movimentação de suínos é uma etapa crucial para impedir a disseminação do ASF. “Lembre-se de que, a todo momento, temos mais de um milhão de porcos nas estradas sendo transportados nos Estados Unidos. Precisamos de um método para identificar rapidamente os porcos infectados e aqueles que entraram em contato com os suínos infectados, para que possam ser sacrificados. Isso permitiria à indústria recuperar os mercados de exportação, economizando bilhões em perdas”, destacou Howard Hill.

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