Na nossa cafeicultura podemos observar que temos uma série de paradigmas que são frutos de uma tradição que passa de pai para filho, de geração em geração. Paradigma nada mais é que um modelo que vem sendo empregado na cafeicultura, que se modernizou, mas está ainda empregando práticas antiquadas. Esses novos procedimentos demonstram que toda solução nasce sob pressão, pois a produtividade deve ser priorizada.
Dentre os procederes mais importantes destacam-se os seguintes:
Manejo dos matos das entrelinhas – é comum, para não dizer generalizada, a manutenção de lavouras com matos controlados com roçadas baixas ou com o emprego de herbicidas que deixam o solo exposto aos raios solares durante todo o ano. As raízes morrem quando a temperatura do solo atinge apenas 32º C. Por isso não se vê raízes no meio das ruas.
Manejar matos de maneira a deixar o solo sempre recoberto de matos mortos ou semimortos, visando reduzir a erosão superficial e a de impacto ao mínimo; regular a temperatura do solo a ponto de estimular o desenvolvimento do sistema radicular; manter a biodiversidade positiva no mais alto nível; aumentar o teor de matéria orgânica do solo que, ao se decompor, é fonte de vida microbiológica, fonte de vida.
Manejo das águas – muita ênfase para irrigação, geralmente descontrolada e irregular. Em vários casos, o pensamento dos cafeicultores é de que sem irrigação em algumas áreas não dá café.
Na realidade, devemos cuidar para que cada gota de água das chuvas ou da irrigação fique retida no solo e seja lentamente cedida para as plantas, evitando estresse hídrico, que causa a interrupção do crescimento normal das plantas.
Pesquisa séria revelou que, principalmente nas áreas mais planas, o vento carrega cerca de 750 mm de água durante o ano. Para amenizar esse efeito negativo, uma medida simples e de baixo custo é empregar nas pulverizações o melaço de cana líquido na concentração de 2% que, além de nutrir, reduz o metabolismo das plantas e as perdas de água por evapotranspiração.
Manejo das plantas – é voz corrente que a desbrota é uma prática cara, dependente da mão de obra cada vez mais escassa e, com isso, as lavouras vão envassourando, a produtividade média caí e a longevidade da lavoura é reduzida.
Na realidade, deixar de desbrotar é o mesmo que deixar de educar os filhos na primeira idade por causa do custo da escola, do uniforme, do transporte, do lanche entre outras despesas básicas.
O mais indicado é manter hastes verticais com desbrota manual logo após a colheita e fazendo um a dois repasses visando um IAF – Índice de Área Foliar ideal entre 8.000 a 10.000 hastes verticais por ha. É quando ainda pequenino que se endireita o pepino.
Manejo da fertilidade – é comum se basear em resultados de análise do solo para indicar a adubação. Enquanto na medicina no que mais os médicos se baseiam para diagnóstico e prescrição dos medicamentos é a analise do sangue, na cafeicultura ainda estamos desprezando a análise de folhas.
O mais indicado é o manejo equilibrado da fertilidade do solo e para isso deve-se analisar o solo a cada 2 anos nas profundidades de 0 a 10 e de 20 a 40 cm para indicar as adubações corretivas – calagem, fosfatagem, potassagem, gessagem. Analisar folhas para ajustar os demais micronutrientes. A principal época para amostragem de folhas é em abril, cujos dados são básicos para indicar a primeira adubação mineral de solo e eventualmente a foliar para ajustar principalmente o manganês, nutriente muito importante para o pegamento das flores do cafeeiro, e que ocorrerá em setembro.
É só isso para ter a certeza de uma boa colheita. Tá na hora!