Na quinta-feira (18/3), pecuaristas e a indústria frigorífica gaúcha entraram em acordo para extinguir de vez a “taxa do frio”. Cobrada pela indústria mediante a venda de bovinos para o abate no Estado, o desconto subtrai anualmente cerca de R$ 120 milhões dos ganhos dos pecuaristas gaúchos. O prazo estipulado para o fim da cobrança é de um ano. No dia 8 de março de 2022, o desconto deixa de existir. Nos próximos dias, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs) devem celebrar oficialmente o acordo.
A informação é do produtor rural Lauro Sagrilo e foi confirmada pela Farsul, ao Portal DBO. Sagrilo foi um grandes apoiadores para o fim da taxa do frio, que desconta 2% do peso da carcaça a cada bovino abatido, referente à perda pelo resfriamento da carne. Ele é médico veterinário e presidente da ala Rural Jovem do Sindicato Rural de Santiago, Unistalda e Capão do Cipó, com sede em Santiago (RS), município que fica na porção centro-oeste do Estado.
“Ontem, o advogado da Farsul apresentou a proposta de acordo feita pelo Sicadergs. A Farsul, representando os produtores, e o Sicadergs, representando a indústria, vão assinar um acordo, no qual o Sicardergs se compromete a extinguir definitivamente essa taxa”, diz Sagrilo.
Segundo Sagrilo, haverá um período de transição. A partir de 1º de agosto deste ano, algumas unidades devem fazer alguns negócios sem a taxa do frio, possivelmente para atrair mais abates no Estado.
Em dezembro do ano passado, o Portal DBO reportou o início da judicialização para o fim da cobrança. O tema também foi tratado na edição de abril da Revista DBO. Agora, a história caminha para um desfecho positivo para os produtores.
“É uma grande conquista para todos os produtores rurais daqui do Rio Grande do Sul. E é uma taxa que só incide aqui no Estado”, diz Sagrilo.
O desconto
A história desse desconto remete à época das cooperativas que atuavam fortemente no abate de animais no Estado. Segundo Sagrilo, naquele momento até fazia sentido o desconto, porque a taxa acabava beneficiando os próprios produtores. Atualmente, a realidade é outra, pois a maioria dos frigoríficos está nas mãos da iniciativa privada.