Tempo quente e seco acende sinal de alerta no MT

Temperaturas elevadas e chuvas abaixo da média podem reduzir produtividade elevar risco de doenças no gado

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Após as chuvas observadas no final do ano passado, 2019 começou com uma combinação nefasta para o produtor rural do Centro-Oeste do país: temperaturas acima da média e chuvas irregulares, comprometendo os resultados esperados para a safra 2018/19 de grãos e castigando os rebanhos de corte e leite. Em seu último boletim sobre o mercado do boi, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) destacou que a média de chuvas no Estado em dezembro foi de 206 milímetros, o menor patamar dos últimos três anos.


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“Tal fato pode influenciar diretamente na alimentação dos bovinos do Estado, já que a capacidade de geração de matéria seca nas pastagens sofre com a redução das chuvas e também com os piores índices de luminosidade (o que também ocorreu durante dezembro)”, explica o instituto em nota. Ao que tudo indica, janeiro também deve ficar com chuvas abaixo do média. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Cuiabá recebeu pouco mais de 26 milímetros de chuva nos 23 primeiros dias deste mês ante 384 milímetros durante janeiro em 2018.

De acordo com Graziela Gonçalves, meteorologista da Climatempo, o padrão de chuvas irregulares e calor excessivo deve se manter pelo menos até meados de fevereiro. “Na segunda quinzena de fevereiro teremos uma frente fria mais forte, que consegue avançar e quebrar esse padrão, mas ainda temos pelo menos duas semanas de tempo seco pela frente”, alerta Gonçalves.

El Niño

A explicação para as temperaturas elevadas neste início de ano é um velho conhecido do produtor: o El Niño, caracterizado pelo aquecimento superficial das águas do oceano Pacífico. Segundo o Centro de Previsões Climáticas dos EUA (CPC), há cerca de 65% de chances de que o fenômeno se forme na região durante a primavera do hemisfério norte (outono no Brasil).

“Para a agricultura, mesmo que não se concretize o El Niño, só o aquecimento daquela região [Pacífico Equatorial] já impacta o regime de chuvas”, comenta a meteorologista da Climatempo ao lembrar que no início do ano passado o Pacífico caminhava para condições de La Niña, quando há resfriamento do Pacífico Equatorial, favorecendo as chuvas no Centro-Oeste do Brasil. “Toda vez que temos um El Niño isso sempre acaba trazendo problemas”, afirma Gonçalves.

Segundo Cleiton Gauer, gestor técnico do Imea, o momento é de alerta para o produtor, que deve se planejar diante do risco de redução da matéria seca no pasto a partir de abril, quando cessa o período de chuvas na região. “Se esse padrão se confirmar, com certeza poderemos ter grandes impactos para a qualidade do pasto no meio do ano. Por enquanto, trata-se de um impacto pequeno e não significativo, mas que precisa ser monitorado”, destaca.

Entre as medidas aconselhadas por especialistas está a suplementação alimentar e a vedação do pasto, quando o produtor retira o animal do campo para garantir sua melhor recuperação a partir do final de fevereiro. Ainda assim, as perspectivas são preocupantes. “Se nesse período de vedação do pasto já está faltando água, por mais que o produtor adote essa estratégia, ele terá uma quantidade menor de pasto no outono e no inverno”, alerta Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, ao lembrar que a vedação exige ainda que o pecuarista tenha um pasto reserva para deslocar o rebanho ou condições de confiná-lo com suplementação alimentar via forragem conservada.

Estresse térmico

Além do pasto, o calor intenso observado neste início de ano também tem impactos sobre a saúde e o desenvolvimento do gado, que passa a apresentar quadro de “estresse térmico”. “A zona de conforto térmico do bovino é menos de 30 graus. De maneira geral, passou disso, ele já está em estresse térmico, principalmente as raças europeias”. explica Giolo ao ressaltar que o déficit hídrico agrava os danos causados pelo calor – o que inclui perda de peso e maior exposição a doenças.

Segundo ele, as raças taurinas, de origem europeia, como o angus, são as mais suscetíveis aos efeitos do calor. Na pecuária de leite, a situação é mesma: as raças mais produtivas exigem os maiores cuidados. Com isso, a melhor alternativa para amenizar essas perdas é realizar o sombreamento do pasto. “A maneira mais eficiente é ter árvores no pasto. Sejam remanescentes da vegetação nativa ou via sistema silvo pastoril”, recomenda o pesquisador da Embrapa.

A medida, contudo, exige planejamento do produtor. O mais comum no Brasil, lembra Giolo, são pastagens sem cobertura arbórea. “Nesses casos, o básico do básico é acesso a água e o manejo do pasto. Porque nessas condições, se o animal tem carência de alimentação, ele sofre mais ainda”, afirma.

Na pecuária de leite, o sombreamento pode ser realizado de forma artificial, embora o ideal também seja a presença de árvores no pasto, com confinamento climatizado no caso das raças mais sensíveis. De acordo com Maria de Fátima Ávila Pires, pesquisadora Embrapa Gado de Leite, o mais aconselhado quando não há vegetação arbórea são as telas conhecidas como sombrite, com 80% de proteção solar distribuídas na proporção de 3 a 5 metros quadrados por animal, dependendo da raça em questão. A pesquisadora também indica abrigos confeccionados em bambu.

Para o plantio planejado de árvores, Pires destaca que é preciso cuidado, pois algumas espécies, de copa mais densa, podem dificultar o crescimento do pasto. “Tem que pensar o tipo de árvore a ser plantada. Existe uma gama de espécies indicadas, inclusive o próprio eucalipto, que depois pode ser aproveitado como madeira na própria fazenda”, aconselha a pesquisadora.

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