Especial Confinamento

Selo - The Best Mind-2021

Eles contribuíram para a evolução do confinamento

Em 2021, comemoramos 15 anos do Especial de Confinamento DBO, publicado pela primeira vez em 2006, já refletindo o avanço da engorda intensiva no País. Ao longo desse período (e bem antes, já que estamos prestes a completar 40 anos), fomos nos deparando com profissionais de alto nível, que fizeram total diferença para a evolução da atividade, hoje uma das mais profissionalizadas do setor. Decidimos, então, fazer-lhes uma modesta homenagem, tomando o cuidado de realizar uma série de pesquisas em nosso banco de dados, consultar especialistas e também os leitores de DBO, convocados a indicar nomes por meio do Portal e das nossas redes sociais. A participação foi grande, mas tivemos de escolher apenas 14.
Nosso agradecimento sincero a todos que fizeram sugestões e desculpas aos que ficaram fora da lista, como os técnicos de campo com atuação regional, que são de extrema importância para o desenvolvimento da pecuária. Nossas portas estarão sempre abertas a todos. E outras homenagens virão.

Conheça a história dos homenageados

Descrição

Apaixonada por animais, Fernanda Macitelli levou aos confinamentos os preceitos do bem-estar animal

 
Zootecnista e professora da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Fernanda abre esta série de vídeos do “DBO The Best Mind do Confinamento”, que vai contar um pouco da história dos homenageados.

Live com os homenageados

Maristela Franco, Editora DBO

Flávio Dutra e Gustavo Resende (pesquisadores da Apta Colina)
- Danilo Grandini (analista de pecuária global)
- Paulo Marcelo Dias (especialista em tecnologias para pecuária)
- Rogério Coan (consultor de confinamentos)

Maristela Franco, Editora DBO

– Pedro Veiga (zootecnista com doutorado em nutrição animal)
- Antônio Carlos Silveira (ex-professor da Unesp-Botucatu)
- Fernanda Macitelli (professora da UFMT)
- Dante Pazzanese (professor da Esalq)
- Ricardo Burgi (consultor e nutricionista)
- Flavio Portela (professor da Esalq)

Visionários

Nenê Silveira e Celso Boin

Talvez nenhum outro nome tenha frequentado tanto as páginas de DBO na década de 90 e primeira metade dos anos 2000, do que Antônio Carlos Silveira. Seu nome está na vanguarda da produção intensiva da bovinocultura de corte brasileira. “Nenê Silveira”, como é carinhosamente chamado pelos que tiveram a chance de tê-lo como professor na Unesp em Botucatu (SP), é daqueles que enxergam anos à frente. Em 1996, ele lançou o Projeto Novilho Superprecoce. Dois anos depois, sua iniciativa já se expandia nacionalmente. Enquanto a idade média de abate na pecuária brasileira era de 4 anos, ele propunha um sistema intensivo para abate dos animais aos 15 meses, graças a programas de apuro tecnológico em cruzamento industrial, confinamento, creep feeding, bom manejo, ultrassonografia de carcaça, marmoreio e maciez, dentre outros. No dia 16 de junho de 2021, o “Superprecoce” completou 25 anos e o jubileu de prata não passou em branco. Ex-alunos homenagearam Silveira para que todos no Brasil saibam que a pecuária atual foi desenhada em 16 de junho de 1996. Nem mesmo a ministra Tereza Cristina ficou de fora. Em um vídeo, ela agradece seu trabalho, classificando-o como “um dos responsáveis pela pecuária moderna que temos hoje no Brasil”.
Outro profissional de extrema competência que homenageamos é Celso Boin, ex-professor da Esalq e pesquisador da Embrapa Gado de Corte, que lançou os pilares da moderna nutrição em confinamento no Brasil, ao trazer para o País metodologias da Universidade de Cornell (EUA), onde fez PhD. Como consultor, montou inúmeros projetos de engorda pelo Brasil, difundindo conhecimento e inspirando técnicos hoje renomados no País.

Novos conceitos

Flávio Dutra e Gustavo Rezende

Os pesquisadores da Apta-Colina, Flávio Dutra de Resende (56 anos, natural de Lagoa Dourada, MG), e Gustavo Rezende de Siqueira (43 anos, da também mineira Conselheiro Lafaiete) formaram uma dupla tão bem entrosada que é difícil falar de um sem mencionar o outro. Juntos, derrubaram velhos paradigmas e mudaram a maneira de pensar na pecuária e, por isso, não poderiam ficar de fora da nossa lista de homenageados.
Foram eles que consolidaram tecnicamente o conceito de “ganho em carcaça”, mais confiável do que o GMD (ganho médio diário) para se avaliar desempenho no cocho. A dupla desvendou, após uma série de pesquisas, que o GMD decresce depois que o animal começa a engordar, mas o ganho em carcaça continua. Isso encorajou os confinadores a estender o período de engorda e tirar maior proveito do potencial do animal, o que significa mais dinheiro no bolso. O limite passou a ser o “ponto ótimo de abate”: enquanto o animal está dando lucro, pode ser mantido no confinamento.
Além dessa importante contribuição, a “dupla dinâmica” da Apta-Colina tem desenvolvido uma série de pesquisas com aditivos e avaliando como a suplementação na recria pode impactar o desempenho a cocho. Têm desenvolvido também um trabalho incrível no curso de pós-graduação em gestão de confinamento da “Universidade da Pecuária”.

Talento agregador

Danilo Grandini

Um dos técnicos mais queridos no segmento (tem “fãs de carteirinha”), Danilo Grandini deu uma grande contribuição para o confinamento brasileiro ao difundir, no campo, as dietas de alto concentrado, que melhoram a eficiência no cocho. DBO registrou seu trabalho na reportagem de capa de agosto de 2006 – “Guerra no Cocho”. À época, havia muitos paradigmas em relação às dietas ricas em energia, todos hoje superados. Divulgou estudos sobre o tema, organizou visitas técnicas a países concorrentes (principalmente Estados Unidos) e defendeu a profissionalização do confinamento brasileiro.
Zootecnista graduado em 1989 pela Unesp (Jaboticabal), Danilo desde 1996 dedica-se à pecuária intensiva. Estudioso e defensor de novas tecnologias, ele hoje tem seu talento reconhecido internacionalmente. Embora não goste da palavra tendências, é um dos primeiros a identificá-las. Carismático, inovador e com trânsito livre em toda a cadeia, nas áreas pública e privada. Muitas parcerias frutíferas foram fechadas devido ao seu talento agregador. Hoje, estuda principalmente estratégias de posicionamento de mercado, comparando modelos de diferentes países. “Vejo como um desafio transformar a carne produzida a partir de grãos no Brasil em um conceito de mercado, O grão é a forma mais sustentável para se produzir um boi”, salienta.

Difusor de tecnologias

Rogério Coan

Muitas das tecnologias utilizadas nos confinamentos brasileiros chegaram aos produtores pelas mãos do zootecnista Rogério Coan (paulista de Jaboticabal, 45 anos), diretor da Coan Consultoria. Sua contribuição para o desenvolvimento da atividade no País tem amplo espectro: além de orientar diretamente dezenas de projetos, tanto na área de gestão quanto nutricional, ele promoveu, nos últimos 15 anos, uma série de encontros específicos para confinadores, além de cursos de treinamento em fazendas.
Com um perfil técnico e uma visão econômica da atividade, Coan focou sua atuação no planejamento de longo prazo, gestão operacional e acompanhamento do mercado, em busca da maior eficiência na produção. Seu “Encontro de Confinadores”, que está na 14a edição, prima por apresentar novas tecnologias, sejam elas aditivos, softwares ou máquinas/equipamentos. Desde 2011, publica artigos sobre a viabilidade econômica e as perspectivas para o primeiro e o segundo giros do confinamento. Esse trabalho, antes restrito aos clientes, tornou-se acessível a todos. “A maioria dos produtores não calcula o custo de produção dentro de um conceito empresarial, por isso se frustra com o resultado. Quero ajudá-los a melhorar a eficiência econômica. Estudei em escola pública. Sinto que é meu compromisso retribuir à sociedade”, diz.

Craques do manejo

Rafael Cervieri e Joca

Esta é um dupla “de responsa”. Rafael Cervieri e João Carlos Fontanari de Carvalho (o Joca) são “feras” em nutrição e manejo na pecuária intensiva. Contribuíram decisivamente para o desenvolvimento do confinamento profissional no Brasil. Há 15 anos como sócios – são fundadores da Nutribeef Consultoria, em Botucatu (SP), junto com Regina Célia Margarido Valle – os dois participaram diretamente do processo de mudança das dietas de confinamento, que transitaram de um modelo tradicional, com alta participação de forragem, para o uso de concentrado (grãos).
Duas das técnicas mais difundidas pela dupla fora crescimento variável em função do peso de entrada do animal e o manejo de cocho com sobra mínima ou “cocho limpo”. Aplicado nos confinamentos, esse protocolo logo se destacou pelos resultados e hoje inspira modelos semelhantes, recebendo citações na academia, sobretudo em trabalhos de conclusão de cursos na área de zootecnia. Atualmente, cada um tem sua própria carteira de clientes, Rafael residindo em Botucatu (SP) e Joca em Campo Grande (MS). Juntos, atendem 30 confinamentos em sete Estados brasileiros, com capacidade estática para 265.000 cabeças.

Bem-estar

Fernanda Macitelli

Apaixonada por animais, a paulistana Fernanda Macitelli (43 anos), professora da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), levou para dentro dos confinamentos os preceitos do bem-estar animal. Inspirada no trabalho do professor Matheus Paranhos, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (ETCO), uma das maiores referências sobre o tema, Fernanda mudou a forma como o confinamento é encarado no País, desde o manejo até as instalações.
Com uma sensibilidade nata e um trabalho forjado no rigor científico, realizou mais de 10 pesquisas com animais confinados. Para vencer uma certa má vontade que cercava o tema 20 anos atrás, mostrou que investir no bem-estar animal dá retorno financeiro. Fez experimentos sobre estresse térmico, lama, sombra e espaço individual nas baias de engorda. Agora está iniciando um estudo sobre luz artificial no confinamento. A ideia é prolongar o dia para estimular o consumo e medir a melhoria no desempenho, bem como o impacto no comportamento dos animais.

Tecnologia

Paulo Marcelo Dias

O zootecnista Paulo Marcelo Amorim Dias, baiano de Mata de São João, é, antes de tudo, um idealista. Com muito esforço e resiliência, ele introduziu tecnologias de ponta nos confinamentos, trazendo uma grande contribuição para o setor. Demorou para convencer os produtores a usar softwares para controle de rebanho, rastreabilidade e gestão de trato. Quando criou seu primeiro produto, o TGC, em 2007, precisou vencer mais do que a falta de conectividade nas fazendas. O operacional não se comunicava com a parte gerencial, que não falava com o setor estratégico.
Com habilidade para conectar números e pessoas, foi juntando as pontas. Ao viabilizar a coleta automática de dados e inseri-los no processo, “empoderou”, como diz, a tomada de decisões. “Precisava melhorar a qualidade das informações, principalmente na nutrição, para abastecer o software”, diz. Outra contribuição valiosa: junto com empresas parceiras, está monitorando individualmente o desempenho dos animais no confinamento. “Antes esse cálculo era feito apenas pela média do lote”, diz.

Ciência aplicada

Pedro Veiga

Pedro Veiga (42 anos, natural de Belo Horizonte, MG) é um dos nutricionistas mais renomados do País. Aos 27 anos, tornou-se professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, onde lecionou e realizou pesquisas de grande interesse para o confinamento no Brasil, como novos aditivos e a chamada “programação fetal”. Bastante usada na Austrália e nos Estados Unidos, essa técnica correlaciona os efeitos da nutrição durante a gestação com o desenvolvimento futuro da progênie e seu desempenho a cocho. “O boi que entra no confinamento começou a ser feito lá atrás, na barriga da mãe”, diz Veiga. Esse conceito mudou o olhar sobre os animais confinados, que passaram a ser vistos sob outra perspectiva, principalmente para quem faz ciclo completo.
Hoje na iniciativa privada,Veiga continua fazendo a ponte entre a pesquisa e o campo. Acompanha o desenvolvimento de novos aditivos e de tecnologias que facilitem tanto o manejo de cocho quanto a adaptação dos animais ao confinamento. Inteligente e irrequieto, participa ativamente de debates sobre o mercado de carne premium, abastecido majoritariamente por animais de cocho.

Nutrição revista

Dante Pazzanese

Nascido em São Paulo (SP), Dante Lana Pazzanese, professor da Esalq/USP contribuiu decisivamente para o aperfeiçoamento das formulações para confinamento no Brasil. Apaixonado por modelagem matemática, participou do desenvolvimento do NRC, famoso programa norte-americano de exigências nutricionais de bovinos de corte. Foi responsável pela adaptação do programa para os zebuínos, que constaram pela primeira vez do NRC na versão 1996.
Dante também trabalhou, junto com o analista de sistemas Nelson Nepomuceno, na elaboração do LRM (ração de lucro máximo), hoje o software mais usado pelos nutricionistas. Dante explica que as exigências proteicas no NRC eram baixas; não consideravam a entrada no confinamento de animais vindos de pastagens em condições ruins. “Elevamos os teores e isso possibilitou ganhos acima de 500 g/cab/dia. Foi um divisor de águas”, garante o pesquisador, que também atuou como diretor técnico da Assocon (Associação Nacional de Confinadores) e foi responsável por projetar grandes instalações de engorda intensiva no País.

Novos Volumosos

Ricardo Burgi

Este engenheiro agrônomo, graduado pela Esalq, em 1979, escreveu e continua a escrever sua história na pecuária intensiva brasileira. Uma de suas grandes contribuições para o confinamento foi a adaptação de uma técnica de tratamento de palha de trigo para hidrolisar bagaço de cana-de-açúcar. O negócio bombou. Entre 1983 a 1988, Burgi montou 36 projetos de confinamento junto a usinas e destilarias usando o bagaço hidrolisado (mais de 80.000 cab). A partir de 1988, passou a receber demandas dos pecuaristas de recria/e engorda a pasto que queriam confinar. Novamente acertou na mosca. Começou a propor o uso de silagem de capim. “Era a opção de melhor sinergia para quem trabalhava com pecuária e zero de lavoura na propriedade”, salienta Burgi. Ele estima que, dessa época para cá, mais de 500 projetos de confinamento abastecidos com silagem de capim tenham passado por suas mãos. Burgi também se orgulha de ter fundado três respeitáveis consultorias na área: Plano, que ele criou em parceria com Celso Lacorte; Boviplan e Burgi (sua empresa atual), todas em plena atividade.

Pesquisa afinada

Flávio Portela

O professor Flávio Portela, da Esalq, literalmente dá aula de modernidade em pecuária intensiva. Graduado na mesma clássica escola, em 1984, logo engatou um emprego de um ano como gerente de fazenda. Foi seu primeiro contato profissional com a atividade de confinamento, à qual dedicou boa parte de sua produção científica nos últimos 35 anos. Seus trabalhos na área de processamento de grãos de cereais foram porta de entrada para a adição de mais energia na dieta através da transformação do milho (silagem de grão úmido ou floculação, por exemplo). A partir de 2017, quando decidiu partir para um pós-doutorado na Universidade de Nebraska (EUA), mergulhou no estudo sobre o uso de coprodutos do etanol de milho nas dietas de terminação. Hoje é uma das principais autoridades sobre o uso do DDG (grão seco por destilação) na pecuária brasileira. “Como professor, minha maior contribuição é com a formação de recursos humanos”, admite. Só em pós-graduação, estima ter orientado aproximadamente 30 teses de alunos relacionadas a confinamentos de bovinos de corte.

O The Best Mind é parte integrante do Especial Confinamento 2021 da Revista DBO

Apoio:

A DBO Editores Associados, fundada em junho de 1982, sempre se caracterizou como empresa jornalística totalmente focada na agropecuária. Seu primeiro e principal título é a Revista DBO, publicação líder no segmento da pecuária de corte. O Portal DBO é uma plataforma digital com as principais notícias e conteúdo técnico dos segmentos de corte, leite, agricultura, além da cobertura dos leilões de todo o Brasil.

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