Uso de enzimas exógenas para potencializar ganhos zootécnicos na terminação de bovinos confinados

O uso de enzimas em ruminantes exige conhecimento dos diversos ingredientes na dieta do animal e das rotas bioquímicas que acontecerão no rúmen. Estudos mais recentes têm mostrado que o entendimento do modo de ação das enzimas faz toda a diferença na eficácia da tecnologia.

Thomer Durman


Os cenários de otimização de ganhos na terminação de bovinos confinados são estritamente ligados ao desempenho zootécnico dos animais. Já a saúde financeira do sistema produtivo é ligada à conversão de alimentação fornecida em tecido muscular e adiposo na carcaça. Assim, tecnologias alimentares que possam otimizar uma maior conversão da dieta em ganhos de carcaça no período de terminação devem ser consideradas para aumentar a lucratividade do sistema.

Por décadas já se conhece a tecnologia de enzimas exógenas na alimentação de ruminantes. Na vanguarda desta tendência, a Alltech foi a primeira empresa a desenvolver uma enzima para ruminantes, em 1995. Mas à medida que os estudos foram evoluindo, a compreensão de como utilizar esse aliado tecnológico de maneira mais eficiente tem ganhado força.

Na alimentação de monogástricos, o uso de enzimas é altamente correlacionado aos substratos presentes na dieta, considerando especialmente que o animal não tenha capacidade enzimática de aproveitar tudo o que é oferecido na alimentação. Porém, em ruminantes, é necessário compreender que os animais possuem uma câmara fermentativa, o rúmen, que conta com grande população microbiana, a qual tem acesso inicial à alimentação e que faz boa parte do trabalho de digestão. Sendo assim, o uso de enzimas em ruminantes passa a ser mais complexo do que em monogástricos e os estudos mais recentes tem mostrado que uma interpretação correta do modo de ação faz toda a diferença na eficácia da tecnologia.

As enzimas podem agir de diferentes maneiras em ruminantes. Seja atuando diretamente no alimento dentro do rúmen ou no estímulo ao bom funcionamento do sistema digestivo. Existe ainda uma possibilidade de ação pós-rúmen, contribuindo, por exemplo, com a degradação da fibra na digesta intestinal (McAllister et al., 2001).

Além das variadas formas de ação, outro desafio no fornecimento eficiente de enzimas é a falta de clareza quanto aos resultados relacionados às enzimas e às atividades enzimáticasutilizadas.  Essa confusão se torna bem evidente ao compararmos os trabalhos publicados, uma vez que há uma grande diferença nos resultados encontrados com, teoricamente, a mesma enzima, levando os pesquisadores a uma dificuldade em comparar a eficácia do uso de enzimas exógenas. Produtos com rótulos idênticos, podem ter diferenças nos efeitos que causam, por exemplo, na digestão da fibra, afinal, os termos celulase, hemicelulase e xilanase são termos genéricos para grupos de atividades enzimáticas. Muitos trabalhos, inclusive, são publicados sem referência da atividade enzimática. Exemplo: celulases são um complexo de várias endo e exobetaglucanases, celobiohidrolase e celobiase (Adesogan et al., 2014). Outra evidência está na afirmação de um grupo de pesquisa que avaliou diversos produtos comerciais com enzimas para ruminantes: “Existe uma variação de produtos enorme e consequentemente variação de respostas em diversos estudos anteriores” (Adesogan et al., 2014).

A busca pela exatidão nos resultados tem impulsionado pesquisas cada vez mais detalhadas sobre o tema. As enzimas (amilase e xilanase exógena) foram avaliadas em diversos trabalhos científicos junto a universidades e institutos de pesquisa. Eles comprovaram que a inclusão na dosagem correta poderia potencializar os ganhos zootécnicos de bovinos de corte em fase de terminação. Confira os resultados a seguir.

Efeito de amilase exógena no desempenho de terminação

Bovinos cruzados (n=240) foram divididos entre os tratamentos e parte deles recebeu 5g/animal/dia de amilase exógena. Houve um aumento significativo de ganho de peso diário e peso de carcaça quente, com o mesmo nível de consumo. A amilase exógena auxiliou no desempenho, o que é chave na rentabilidade por cabeça.

Figura 1. Ganho de peso em terminação e peso de carcaça de animais suplementados com amilase exógena (Amaize®). Adaptado de Jolly-Breithaupt et al., 2018.
Figura 2. Ganho médio diário (GMD) e consumo de matéria seca (MS) de bovinos em terminação suplementados com amilase exógena (Amaize®). Adaptado de Jolly-Breithaupt et al., 2018.

 

Efeito de amilase exógena no rendimento de carcaça e o uso da nutrigenômica

Os bovinos cruzados (Simental x Angus) que foram abatidos com diferença de 10kg de Peso Vivo, apresentaram diferença de 1kg de carcaça a favor dos animais que receberam 5g/dia de amilase exógena, o que mostra uma grande capacidade de auxiliar no rendimento de carcaça.

Figura 3. Peso ao abate e peso de carcaça de bovinos terminados com suplementação de amilase exógena (Amaize®). Adaptado de Elolimy et al., 2018.

 

Ao se avaliar a expressão de genes no tecido muscular dos animais, foi observado que os bovinos que consumiram amilase exógena tiveram maior atividade de genes ligados à adipogênese, metabolismo de ácidos graxos, síntese de glicoesfingolipídeos, metabolismo energético e proteico.

Figura 4. Genes que tiveram sua expressão aumentada quando amilase exógena (Amaize®) foi suplementada. Adaptado de Elolimy et al., 2018.

 

Os estudos feitos no Brasil também mostram grandes benefícios no uso de enzimas exógenas na terminação de bovinos.

Uma avaliação conduzida pelo grupo de pesquisa do professor Flávio D. de Resende, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) mostrou que é possível alterar parâmetros ruminais e metabólicos de bovinos Nelore suplementados com amilase exógena (Nascimento et al., 2017), fatores que podem ter contribuído com um incremento de ganho de peso durante a terminação e aumento no peso de carcaça (Nascimento et al., 2018).

Um outro estudo conduzido pelo grupo de pesquisa do professor Gustavo R. Siqueira, da APTA, mostrou que a inclusão de enzima fibrolítica exógena para bovinos Nelore consumindo Brachiaria brizantha cv. Marandu, na fase de terminação, aumentou o peso de carcaça quente, a cobertura de gordura da carcaça e a eficiência do suplemento (g de carcaça por g de suplemento ingerido) (Miorin et al.,2017).

Figura 5. Diferença de 8 kg de peso de carcaça de bovinos suplementados com enzima fibrolítica exógena (Fibrozyme®) na fase de terminação. Adaptado de Miorin et al., 2017).

 

Tendo como base os resultados de pesquisa, e sob orientação técnica frente à cada desafio de dietas, pode-se tomar uma decisão assertiva de inclusão da tecnologia alimentar de enzimas exógenas na alimentação de bovinos em fase de terminação e se obter uma otimização do desempenho zootécnico dos animais.

Assista o vídeo sobre a Nova Visão de Enzimas para Ruminantes:

https://vimeo.com/563839732

Para mais informações, acesse:

https://www.alltech.com/pt-br/gestao-de-enzimas/bovinos

 

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