Estudo mostra que animais vacinados ao mesmo tempo contra as duas doenças apresentaram menor nível de anticorpos contra o Clostridium
Por Renato Villela
Vacinar bezerras, ao mesmo tempo, contra brucelose e clostridioses não é recomendável. A conclusão é de um estudo conduzido pela Escola Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pela Escola Veterinária da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora, MG.
O trabalho comparou o impacto de diferentes estratégias de vacinação sobre o consumo de alimentos pelos bovinos, seu ganho de peso e sua resposta imune. O resultado foi muito interessante e acendeu um pisca-alerta: houve nítida redução no valor médio de proteção contra a enterotoxemia e o botulismo, duas das principais clostridioses que atacam o rebanho. “Isso é preocupante e indica a necessidade de se rever o protocolo de vacinação das fêmeas”, afirma Sandra Gesteira Coelho, professora da UFMG.
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Segundo ela, a ideia de fazer o experimento surgiu em função das queixas de produtores de que os animais paravam de se alimentar e, consequentemente, perdiam peso após o manejo vacinal. Nesses relatos, não foram especificadas quais vacinas eram aplicadas. “Ao ouvir os depoimentos, ficamos preocupados, já que a vacina protege animais e humanos; decidimos, então, fazer a pesquisa para avaliar o impacto do imunizante”, diz.
Segundo a professora, a decisão de quais vacinas usar no estudo foi tomada em função da importância tanto da brucelose (cuja vacinação é obrigatória), quanto das clostridioses, que causam sérios danos à pecuária.
“Na maioria das fazendas do País, esses imunizantes são ministrados juntos, para facilitar o manejo. Queríamos saber se essa prática era adequada ou poderia ser essa fonte dos transtornos relatados pelos pecuaristas”, explica Sandra.