Vai ter mais chuva “na horta” da pecuária sul-mato-grossense

Meteorologia prevê precipitação acima da média no Estado, contribuindo para o vigor das pastagens, uma área de 17,6 milhões de hectares

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Se até meses atrás, o prognóstico de chuvas em Mato Grosso do Sul não era o dos mais favoráveis, agora o cenário se inverteu, favorecendo um dos plantios de maior uso da pecuária: as pastagens. A previsão meteorológica indica chuvas acima da média no Estado, mudando o cenário desolador de até pouco tempo atrás. Dos três Estados que formam o Centro-Oeste, onde se concentra 74,3 milhões bovinos, o cenário climático é favorável apenas para as pastagens sul-mato-grossenses, com um rebanho de 19,4 milhões de bovinos, segundo o IBGE. Para a engorda de bovinos a pasto em Mato Grosso e Goiás, na maior parte das áreas de criação, as previsões são de chuvas abaixo da média.

Mais chuvas no próximo período tem animado os pecuaristas do Estado. Segundo o produtor Carlos Baldasso, da fazenda São João, de cerca de quatro mil hectares no município de Água Clara (MS), em anos normais chove na propriedade cerca de 1,6 mil milímetros. No entanto, no acumulado deste ano, as chuvas só chegaram até a metade, 800 milímetros. Baldasso depende da chuva, pois é ela que torna sua pecuária mais produtiva e sustentável. É exclusivamente do pasto que o pecuarista engorda cerca de 10 mil bovinos todos os anos.


“As chuvas voltaram a cair e, aos poucos o pasto vai voltando ao seu vigor original”, diz Baldasso.

Até março, o produtor sul-mato-grossense poderá contar com mais chuvas, segundo o mais recente prognóstico climático da Climatempo. Isso porque a La Niña trará menos impacto climático. O fenômeno La Niña é caracterizado pelo esfriamento das águas da parte central do oceano Pacífico Equatorial, que deve perder força. Antes, a La Niña estava avaliada como forte. Agora, é classificada entre moderada e forte, além da associação de outros fenômenos climáticos e isso é que provocam as chuvas.

Um brinde a 2020, de Carlos Baldasso, da fazenda São João, no município de Água Clara (MS)

“ Outros fenômenos que estão prevalecendo este ano, em vez da La Niña, é o padrão de temperaturas do Atlântico e a oscilação de Madden Julian”, diz o meteorologista Filipe Pungirum, da Climatempo.

Esses fenômenos esquentam as águas do Atlântico. Por isso, segundo Pungirum, a chuva vai continuar ocorrendo com bom volume até março. A La Niña clássica normalmente deixa o Sul mais seco e o norte das regiões Norte e do Nordeste mais úmidos e chuvosos que o normal. No Sudeste e Centro-Oeste, a La Niña deixa as temperaturas mais amenas, sem grandes picos de calor.

A grama mais verde em MS

Mato Grosso do Sul é o terceiro maior em áreas de pastagem, com 17,6 milhões de hectares, segundo o IBGE, no Censo Agropecuário de 2017. E é o segundo com maior área de pasto em boas condições: 12,7 milhões de hectares. É esse o potencial que o produtor sul-mato-grossense está aproveitando para manter a operação economicamente mais sustentável.

O sistema pode ser intensificado com suplementação de ração, no pasto, mas num ano que os preços dos insumos, como milho e farelo de soja, foram igualmente para as alturas, sobressaiu com custos mais módicos o produtor com o sistema de engorda exclusivo em pastagens. Para 2021, já é dado como certo um cenário de grãos ainda mais valorizados.

“O pasto é o alimento mais econômico que se tem para o gado e num ano de insumos caros, como o milho, nos livramos de maiores custos”, diz Baldasso, da fazenda São João.

Investir num pasto eficiente e econômico é que fez a grande diferença neste ano para o produtor, que muito antes de se falar em integração já adotava na propriedade o rodízio com a soja. Há cerca de 30 anos, Baldasso e seu primo, o engenheiro agrônomo Fernando Baldasso, implementaram a Integração Pecuária-Lavoura (ILP). Atualmente, reservam metade da área para pasto e a outra metade para a agricultura. O produtor engorda cerca de 10 mil bovinos, por ano, com terminação a pasto calculado em 90 dias

“Só espero que os preços do boi gordo continuem se mantendo no ano que vem e que a reposição venha se readequar. Mas acho que oferta de gado magro, boa mesmo, só em 2022”, diz Carlos Baldasso.

O pasto vistoso da São João com cerca de 30 anos em integração com a soja

Recuperação do zero

Outros produtores que estão celebrando a possibilidade de mais chuvas no próximo período são o zootecnista Thiago Companhoni de Witt e o sócio, seu irmão, Rodrigo Companhoni de Witt, da fazenda JS Companhoni, no município de Amambaí (MS). Eles iniciaram no ano passado um grande projeto de recuperação, saindo o zero, dos 500 hectares de pastagens da propriedade.

Os irmãos Thiago (à frente) e Rodrigo Companhoni de Witt da fazenda JS Companhoni, no município de Amambaí (MS)

“No ano de 2019 reformamos cerca de 250 hectares. Este ano, com a valorização da arroba do boi, decidimos ampliar a reforma. Inicialmente, a reforma seria de cerca de 150 hectares, mas decidimos reformar os 250 hectares restantes”, diz Thiago.

Na primeira área recuperada são recriados 1,2 mil animais e os outros 250 hectares ainda estão em processo de correção, adubação e com o plantio das espécies forrageiras neste mês de dezembro. “Após o plantio desses 250 hectares projetamos uma lotação de 2000 animais machos para recria engorda”, afirma Thiago.

Forrageiras fartas e de boa qualidade fazem parte da realidade da JS Companhoni, em Amambaí (MS)

Para os produtores é evidente que, na região, a valorização do boi gordo e do próprio bezerro estão sendo os grandes motores do desenvolvimento da pecuária. Muitas fazendas de cria voltaram a investir pesado no pasto, por conta do otimismo da pecuária.

“O otimismo voltou à pecuária, especialmente nas fazendas de cria. Hoje esse pessoal está adubando, reformando seus pastos e aumentando seu plantel. Acompanhamos também esse espírito otimista”, diz o produtor de Amambaí. Com mais chuvas, será mais fácil contar com comida para o gado.

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