O preço do leite ao produtor na “Média Brasil” líquida acumulou alta real de 18,9% no primeiro trimestre de 2019. As consecutivas elevações estiveram atreladas à limitação da oferta no campo e à maior competição das indústrias para garantir a compra de matéria-prima.
O movimento de valorização, no entanto, perdeu força de fevereiro para março, por conta da dificuldade das empresas em elevar os preços dos lácteos sem prejudicar seus shares de mercado.
Apesar de o contexto macroeconômico indicar recuperação do consumo e aumento no poder de compra das famílias, agentes consultados pelo Cepea consideraram que a demanda por lácteos esteve normalizada em março, o que também dificultou o repasse da valorização do campo nos produtos.
Para garantir liquidez no período, os laticínios mudaram suas estratégias de processamento e trabalharam com a diminuição dos estoques, principalmente no caso do leite UHT. Este derivado apresentou queda acumulada de 2,1% no preço no atacado paulista em março, o que levou a redução de 0,4% na média mensal frente a fevereiro.
No caso da muçarela, houve desvalorização de 1,1% no acumulado de março, mas, na média mensal, a cotação ainda ficou 0,3% acima da de fevereiro.
Ainda que a comercialização de lácteos tenha sido dificultada, a produção dentro da porteira continuou limitada em março, em função de condições climáticas desfavoráveis. Diante disso, os preços ao produtor de abril (referentes à captação de março) devem se estabilizar ou registrar ligeira alta em relação ao mês anterior.
Outro fator a ser considerado é a maior competição de laticínios por matéria-prima de qualidade, tendo em vista as novas normativas (IN 76 e 77).
O cenário de oferta restrita se manteve durante o início de abril e forçou os laticínios a repassar a valorização da matéria-prima para os derivados. No acumulado da primeira quinzena de abril, as cotações diárias do UHT e da muçarela no atacado paulista se elevaram 6,7% e 3,8%.
Por Natália Grigol (Cepea)