Pioneiro no uso de tecnologias de seleção, Luciano Borges traça Nelore do futuro
Por Carolina Rodrigues
Nascido e criado em Uberaba, berço do zebu no Triângulo Mineiro, Luciano Borges é o protótipo do zebuzeiro moderno. Aos 72 anos de idade, tira proveito de suas raízes rurais (cultivadas ao longo de cinco gerações) e da formação em engenharia civil para fazer uma seleção de vanguarda, porém com os pés fincados na realidade da pecuária brasileira. Borges usa ferramentas genéticas modernas para produzir um Nelore caracterizado, de excelente conformação frigorífica, e, acima de tudo, produtivo.
Sua Fazenda Rancho da Matinha, propriedade de 1.200 ha em Uberaba, MG, vende 600 reprodutores por ano em leilões, que, invariavelmente, disputam as maiores médias nacionais. Além disso, tem 40 touros ativos em centrais de inseminação. Os produtos desta verdadeira “fábrica de genética” refletem um trabalho de seleção focado em precocidade sexual desde a década de 90, em avaliações de carcaça obtidas desde o início dos anos 2000 e em provas de consumo alimentar residual feitas, há 11 anos, pelo sistema Growsafe.
As informações colhidas são empregadas na elaboração de um índice bioeconômico próprio, ferramenta que o criador foi um dos primeiros a adotar. “Sempre digo que não existem pioneiros ou visionários. Existem ‘piotários’, que vão à frente abrindo caminho para os outros. Quando comecei a trabalhar com precocidade sexual já existia o Programa da CFM, um projeto CEIP, que foi muito criticado, eu diria até ridicularizado, porque ninguém acreditava que o Nelore fosse precoce”, conta.
Naquela época (início de 1992), Borges já assegurava que a raça zebuína “não estava precoce, mas poderia ficar”. Em fevereiro, ele abriu as portas do Rancho da Matinha à DBO e conversou longamente com a repórter Carolina Rodrigues sobre sua história, as dificuldades que enfrentou para construir um rebanho geneticamente apurado e os desafios que ainda acredita ter pela frente.