Gado seguro e pecuária que reduz risco de incêndio é tarefa no Pantanal

Pesquisadores da Embrapa têm uma lista de recomendações para o produtor minimizar os efeitos das queimadas

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Temperaturas que podem ultrapassar a casa dos 40°C, falta de chuva e uma infinidade de vegetação seca por todos os lados. O cenário é propício para risco de incêndio e é, justamente, a cena mais comum no Pantanal em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nas últimas semanas, é o fogo que tem tomado conta da maior planície alagada do mundo, embora nos últimos dias a queda da temperatura por causa de uma frente dia trouxe alívio aos pantaneiros.

De janeiro até julho deste ano, 846,7 mil hectares foram devastados por incêndios no Pantanal, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O crescimento é de 230,9% perante o mesmo período do ano passado. O Pantanal atravessa a maior seca dos últimos 50 anos, comprometendo os resultados da pecuária, a mais importante atividade econômica desse bioma. Por isso, uma pecuária mais ajustada e manejada com boas práticas  é fundamental para dar sustentabilidade à região e amenizar catástrofes como a ocorrida nas últimas semanas.


“O boi é o maior e melhor bombeiro que há. Ele que limpa os pastos, ano após ano, não deixando nada de excesso nos pastos. Podemos dizer que é o Pantanal que mais precisa do boi e não o contrário”, diz o veterinário Francisco de Sales Manzi, diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

A Acrimat e a Embrapa Pantanal têm estabelecidas algumas técnicas que podem ajudar o produtor a atravessar um momento como esse, pois o pior pode, ainda, estar por vir. Historicamente, os picos de queimadas vão até o mês de setembro. Daí a importância do produtor se manter em alerta máximo, por enquanto.

Pecuária unida

Entre as recomendações dos técnicos está o monitoramento constante entre os produtores vizinhos. “A qualquer sinal de fumaça, um deve acionar o outro, além de demais autoridades como os bombeiros”, diz Manzi. Nesse momento é importante ter sempre em prontidão um trator com bomba d’água ou caminhão pipa carregado. Além de ferramentas como abafadores de fogo.

Confecção de aceiros é também uma excelente estratégia, segundo Manzi (no vídeo abaixo ele próprio explica como fazer um bom aceiro).

https://www.facebook.com/acrimat.associacao/videos/622771235337786/

Os aceiros são faixas, ao longo das cercas ou divisas, cuja vegetação foi completamente removida da superfície do solo, com grade ou lâmina acoplada ao trator, ou com ferramentas manuais. A finalidade é prevenir a passagem do fogo. A largura dos aceiros deve ser 2,5 vezes a altura da vegetação em regiões de pastagens ou, no mínimo, 3 metros, para o caso de queimada controlada.

Manejo de pastagens

Reduzir os riscos de incêndios tem a ver a diminuição de materiais combustíveis nos pastos. Há técnicas de manejo de pastagens que são bem úteis porque contribuem para diminuir o pasto seco. Segundo a zootecnista, Sandra Santos, da Embrapa Pantanal, em Corumbá (MS), o manejo de pastagens é o primeiro passo para reduzir o risco de incêndios. “Isso influenciará no consumo adequado das pastagens e menos material combustível”, diz Sandra.

Suplementação no cocho pode significar mais apetite por forrageiras e refletir em menos matéria seca no pasto

Entre as técnicas estão o uso da ureia pecuária, que é bastante simples e de baixo custo, bastando misturar o produto com o sal mineral. Além de suprir as necessidades proteicas que faltam na pastagem seca, a ureia estimula o consumo de forragem pelo gado. Isso reduzirá a quantidade de vegetação seca no pasto. O bom manejo pode evitar a necessidade de fazer a queimada controlada nos meses de março e abril, um dispositivo que tem levantado grandes discussões entre produtores e ambientalistas mais extremados. Mas, para que o gado se alimente do capim seco, é fundamental dispor nas águas  boa disponibilidade de forragem, ou seja, bastante sobra de pasto de qualidade para a seca.

Misturas de sal mineral com ingredientes que servem como fontes de energia (milho), proteína (farelo de soja) e de nitrogênio não protéico (uréia pecuária) também estimulam o apetite do gado pelas forrageiras, mesmo secas.

Queimada controlada, agora não 

A queimada controlada sempre foi utilizada no Pantanal para baixar a quantidade de material seco e inflamável. Mas essa alternativa só pode ser adotada logo após o período de chuvas, em meados de abril e maio, e em áreas específicas, segundo Manzi, da Acrimat. “Neste momento é proibitivo se pensar nessa técnica”, diz ele.

“De fato, o pecuarista ou o agricultura na região do Pantanal não têm interesse pelo fogo, mas há momentos em que ele pode ser necessário, especialmente para contribuir para evitar os incêndios”, afirma Manzi.

A queima controlada só deve ser realizada em áreas definidas, com isolamento prévio através de aceiros, onde o fogo orientado é utilizado como ferramenta para consumir a macega ou o excesso de material combustível. Mas o veterinário explica que a prática não tem sido muito adotada por conta de dificuldades burocráticas. “Houve uma demonização do fogo. A técnica, quando bem conduzida, só traz benefícios.” A limpeza pelas chamas da ação controlada evita que as chamas de um incêndio acidental ou criminoso se espalhem.

Abaixo, confira como pode ser realizada uma queimada controlada, tarefa para 2021.  A equipe de pesquisadores da Embrapa recomenda queimar com racionalidade a vegetação, seguindo normas rígidas de controle do ambiente. 

Os 10 Mandamentos da Queimada Controlada , segundo a Embrapa

1º Obterás autorização do Ibama para queima controlada.

2º Reunirás e mobilizarás os vizinhos, para fazer queimada controlada e em mutirão, de maneira que um possa ajudar o outro.

3º Evitarás queimar grandes áreas de uma só vez.

4º Farás aceiros, observando as características do terreno e altura da vegetação.

5º Limparás completamente o aceiro, sem deixar restos de folhas ou paus, de qualquer natureza, no meio da faixa.

6º Prestarás atenção à força e direção do vento, à umidade e às chuvas. Só queimar quando o vento estiver fraco e nunca comece um fogo na direção contrária dos ventos.

7º Botarás fogo nas horas mais frias do dia, como de manhã cedo, no final da tarde, ou no cair da noite. É mais seguro nessa faixa de horário, pois a temperatura é mais baixa e a vegetação está mais úmida.

8º Nunca deixarás árvores altas no meio da área a ser queimada. Elas demorarão a queimar, permitindo que o vento jogue fagulhas à distância o que pode levar a mais incêndios.

9º Permanecerás na área da queimada, após o fogo, pelo menos, por duas horas, a fim de verificar se não haverá novs focos de chamas.

10º Terás sempre a mão: enxada; abafador; foice; bomba costal; e baldes com água. O material é útil para controlar o fogo.

 

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