Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (ETCO) lança campanha nacional para reduzir uso de marca a fogo nas fazendas
Por Denis Cardoso
Substitua o arcaico ferrete em brasa por brincos, bottons, colares e tatuagens. Essa é a proposta de uma campanha de conscientização lançada, no Brasil, por entidades ligadas ao bem-estar animal. Seu objetivo é reduzir ao máximo o uso da marcação a fogo em bovinos, uma prática ainda bastante comum nas fazendas brasileiras, apesar das fortes evidências científicas de que esse manejo causa muita dor, medo e angústia aos animais.
Batizada de “Por uma nova marca para a pecuária brasileira”, a campanha é liderada pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (ETCO), da Unesp-Jaboticabal (SP), em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a empresa BE.Animal e a Agropecuária Orvalho das Flores, de Araguaiana, MT, uma fazenda-modelo em boas práticas de manejo.
“O contato entre o homem e os bovinos é milenar, mas os nossos manejos não precisam ser”, sentencia a zootecnista Fernanda Macitelli, professora da UFMT/Campus de Sinop e também integrante do Grupo ETCO. Há evidências de que o ferrete em brasa já era usado na marcação de bovinos desde o Egito Antigo e, no Brasil – assim como em outras partes do mundo –, também como instrumento para marcar escravos. Dos primórdios da pecuária brasileira para cá, a atividade evoluiu consideravelmente, impulsionada por novos conhecimentos e técnicas, como currais antiestresse, cercas minuciosamente planejadas, troncos individuais de contenção, balanças eletrônicas, novos medicamentos e dispositivos eletrônicos.
“Não podemos aceitar mais o uso desenfreado de uma prática obsoleta, capaz de fazer o animal sofrer dor por até oito semanas, decorrente da queimadura e do processo inflamatório da pele”, diz o zootecnista Mateus Paranhos, professor da Unesp e coordenador do Grupo ETCO.