Animais debilitados ou submetidos a estesse, demandam aclimatação e bom manejo sanitário para não desenvolver doenças respiratórias
Por Renato Villela
A entrada dos animais no confinamento é um evento delicado, que não raro acarreta problemas sanitários, em especial de ordem respiratória. Novo ambiente, nova dieta, novas interações sociais e hierárquicas são fatores estressantes, que podem se tornar ainda mais desafiadores dependendo da condição em que os bovinos desembarcam.
Os mais propensos a desenvolver doenças são os pertencentes ao chamado “grupo de risco” que inclui, além daqueles visivelmente mais debilitados, animais que viajaram mais de 500 km de distância ou permaneceram mais de 8 horas dentro do caminhão; lotes provenientes de leilões ou que “rodaram” nas mãos de “marreteiros” (intermediários) de fazenda em fazenda. Para reduzir o impacto dessas enfermidades “oportunistas”, que prejudicam o desempenho animal, o produtor tem à sua disposição ferramentas de manejo como a aclimatação, o uso preventivo de antibióticos (metafilaxia) e a aplicação de vacinas contra doenças respiratórias.
Confundida muitas vezes com o pré-condicionamento (estratégia nutricional que busca adaptar os animais às dietas de cocho), a aclimatação é uma técnica que visa apresentar a nova casa aos hóspedes recém-chegados. “Mostramos onde está a água, o cocho. Colocamos os animais no ambiente para que se hidratem, descansem e confiem nos manejadores”, explica Antony Luenenberg, coordenador técnico da MSD Saúde Animal.
Faz parte dessa “recepção de boas-vindas” conduzir diariamente os animais pelos quatro cantos das baias do confinamento, procedimento que, segundo Luenenberg, se justifica porque os bovinos têm predileção por determinado canto em detrimento de outros. “Precisam conhecer bem o ambiente para se sentir seguros e procurar o bebedouro, por exemplo. Se não beberem água, não comem”, diz.