Marcos Jank afirma, em entrevista a Revista DBO, que o futuro do agronegócio brasileiro, nos próximos 40 anos, está diretamente ligado às economias emergentes da Ásia
Por Moacir José
Quando saiu do Brasil, em janeiro de 2015, rumo a Singapura ‒ um dos quatro “tigres” do sudeste asiático, junto com Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan ‒, o engenheiro agrônomo Marcos Sawaya Jank já carregava, em sua bagagem, larga experiência como presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) e do Icone (Instituto de Estudos do Comércio e das Negociações Internacionais, área em que é mestre, formado pela francesa Montpelier).
Sua ida para Singapura, como representante da gigante Brasil Foods (BRF), tinha o objetivo de abrir espaço para os produtos brasileiros, principalmente as carnes de aves e suínos. Dois anos depois, passou a representar também a Abiec (exportadores de carne bovina), a ABPA (exportadores de carne suína e de frango) e a própria Unica. Em todo o período, ele calcula que viajou mais de 50 vezes (praticamente uma vez por mês) para a China. Cobriu Japão, Coreia, Índia, Indonésia, Tailândia, não somente para prospectar o segmento de exportação, mas também o de investimentos.
Retornou ao Brasil em maio de 2019 e, em seguida (julho), integrou os quadros do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), de São Paulo, onde leciona e coordena o Centro Insper Agro Global, que estuda os grandes vetores de transformação do agronegócio mundial.
Um dos focos das pesquisas desse centro é Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean, na sigla em inglês), que reúne 10 países da região, cinco deles (Indonésia, Mianmar, Tailândia, Filipinas e Vietnã) com mais de 50 milhões de habitantes. Para Jank, esse grupo, mais China, Hong Kong, Coreia do Sul e Japão, forma o que ele chama de “holofotes do presente”, ou seja, a região do mundo que pode absorver quantidades crescentes de produtos agropecuários, justamente por causa de seu vigor econômico e do aumento na renda per capita.
“Tenho absoluta certeza de que o futuro do agronegócio brasileiro nos próximos 40 anos está diretamente ligado às economias emergentes da Ásia. O Oriente é o farol dos nossos navios”, diz ele nesta entrevista concedida, de forma remota, ao jornalista Moacir José, colaborador de DBO.