Em entrevista concedida à editora de DBO, Maristela Franco, o zootecnista Juliano Acedo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), diz que quem sobe degraus na escada da intensificação dificilmente retrocede
Por Maristela Franco
No início deste ano, o zootecnista Juliano Sabella Acedo, diretor de marketing da DSM/Tortuga, assumiu a presidência da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram) a pleno gás, já familiarizado com as demandas do cargo. Explica-se: o processo sucessório da entidade é planejado. “O novo presidente já chega jogando”, diz ele, porque, antes de assumir, ocupa outros cargos na diretoria. “A Asbram é uma construção da qual ninguém tira tijolos, apenas adiciona”, define.
Fiel a essa filosofia, Acedo comprometeu-se a defender, durante seu mandato (2022/2023), algumas “bandeiras” de longo prazo da Asbram, como a maior mineralização do rebanho brasileiro, a desoneração fiscal do segmento, o uso de práticas sustentáveis e a ampliação do quadro de associados. Veja mais detalhes na entrevista concedida à editora de DBO, Maristela Franco.
Maristela – A Asbram sempre teve por bandeira difundir a suplementação mineral no Brasil. Quanto já avançamos? O que dificulta a difusão dessa técnica?
Juliano – A mineralização do rebanho tem avançado gradativamente no Brasil [Segundo cálculos da Asbram, houve crescimento de quase 20% no total de animais suplementados entre 2018 e 2021. Atualmente, considerando-se um rebanho de 218,2 milhões de bovinos e a venda de 3,862 milhões de toneladas de suplementos no País (total comercializado por empresas filiadas e não filiadas à entidade), estima-se que 53,22% dos animais sejam suplementados corretamente ou cerca de 114,7 milhões de cabeças.
Mas, se o cálculo for feito com base em fornecimento abaixo do ideal (realidade frequente no Brasil), o percentual de bovinos suplementados sobe para 70% a 80%]. Os principais entraves à adoção da técnica são: desinformação e falta de infraestrutura adequada (cochos, corredores de manejo, cercas), além de capacitação de mão de obra. Ainda assim, temos registrado avanços em função de exigências do próprio mercado, como a redução da idade de abate para produção do “Boi China”. Quando a arroba sobe, surgem novos usuários e também um processo de intensificação (passagem do sal mineral para o proteinado, do proteinado para o protéico-energético etc). Quem sobe degraus desta escada dificilmente retrocede.