Embrapa valida modelo de consórcio que garante, ao produtor, um stand forrageiro bem formado, pronto para pastejo, apenas 30 dias após a colheita da soja
Por Ariosto Mesquita
Há mais de 15 anos, quando a Embrapa começou a consorciar soja com capim visando antecipar pastagens na ILP (integração lavoura-pecuária), muita gente torceu o nariz. O tempo passou, os estudos se ampliaram, a tecnologia foi aperfeiçoada e o susto deu lugar à adesão.
Durante um dia de campo realizado em 17 de março, na Estância Rosa Branca, do Grupo JB Apec, em Rio Brilhante, 150 km ao sul de Campo Grande (MS), a Embrapa Agropecuária Oeste (sediada em Dourados), apresentou uma proposta bastante ousada de consórcio soja-capim, que prevê a semeadura da gramínea não mais no período de amarelecimento da leguminosa (como se faz no Sistema São Francisco, outra tecnologia da Embrapa), mas em fase bem anterior, até 30 dias após o plantio da cultura. Produz-se um pouco menos grãos, mas tem-se pasto um mês após a colheita da soja, ganhando em produção de carne na safrinha.
Para se chegar ao novo sistema (ainda sem nome), foram testadas quase 10 gramíneas, dentre elas o Tamani, que, já nas safras 2011/2012 e 2012/2013 (marcadas por secas), mostrou-se a melhor alternativa de consórcio precoce, por não competir tanto com a soja, cuja produtividade superou 2.000 kg/ha, bem acima dos resultados obtidos com os capins Aruana, Paiaguás, Piatã, Decumbens e Ruziziensis.
“O Aruana até foi bem, mas produziu mais talos e cresceu muito. O Tamani não tem essas características e é recomendado para o Sudeste e Centro-Oeste, onde planta-se muita soja, mas tem-se microrregiões com dificuldades climáticas para cultivo de milho em safrinha. Nessas áreas, o novo consórcio é ótima opção”, explica o pesquisador da Embrapa Oeste, Luís Armando Zago Machado, que desenvolveu o sistema junto com seu colega Rodrigo Arroyo Garcia e o proprietário da Estância Rosa Branca, Carlos Eduardo Madureira Barbosa.