Conteúdo: 12/07/2021

Pelo fim da marca a fogo

Fazendas-piloto de projeto conduzido por especialistas em bem-estar animal já comprovam as vantagens de trocar esse sistema de identificação por tatuagens e brincos

Equipe da Fazenda das Palmeiras, em Ituiutaba, MG, onde 16% do gado tinha marcas apagadas. Agora, brincos serão maioria. (Foto: Arquivo Faz. das Palmeiras)

Por Moacir José

Quando reuniu a equipe da Fazenda das Palmeiras, em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, para informar que havia aderido a um programa de bem-estar animal para redução de marca a fogo nos animais, o proprietário Antônio Campbell Penna foi aplaudido pelos sete funcionários, que tocam um rebanho de 1.500 cabeças, em sistema de recria/engorda. Se também pudessem se manifestar, as reses certamente balançariam as cabeças em sinal de aprovação. Afinal de contas, até novembro do ano passado, qualquer bovino que entrasse na fazenda recebia até 10 marcas ‒ duas com os símbolos da propriedade, duas a quatro para mês/ano de entrada e quatro algarismos “de segurança”, caso os demais borrassem ou se apagassem.

De lá para cá, nenhum animal novo entrou na fazenda, mas os próximos que entrarem (a partir de agosto-setembro) receberão só uma marca a fogo ‒ a de um dos símbolos da fazenda. As marcações que antes feitas serão substituídas por brincos coloridos. para identificação de mês e ano de entrada dos animais na fazenda. Como a propriedade fornece animais cuja carne seguirá para os mercados chinês e europeu, será mantida a identificação do Sisbov (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos, do Mapa), composta por brinco e botão (bottom).

“Já comprei os brincos coloridos; vou arriscar”, diz Campbell.

A Fazenda das Palmeiras é uma das quatro integrantes do projeto “Redução de marca a fogo”, lançado em novembro do ano passado, numa iniciativa da empresa BE.Animal, voltada às práticas de bem-estar; junto com Grupo Etco, da Unesp de Jaboticabal; e a Fazenda Orvalho das Flores, de Araguaiana, MT, pertencente à criadora Carmen Perez, que aboliu a marca a fogo em todo o rebanho, exceto nas bezerras, por exigência do Ministério da Agricultura para identificação de animais vacinados contra a brucelose (veja reportagem de capa da DBO de dezembro/2017). Essas fazendas servirão de modelo na condução dessa ação. Apoiam a iniciativa as empresas JBS (grupo frigorífico), MSD (indústria veterinária) e Allflex (fabricante de brincos e botões).

Segundo o professor Mateus Paranhos da Costa, do Grupo Etco, da Unesp de Jaboticabal ‒ precursor e referência das práticas de bem-estar animal no Brasil ‒, a procura por informações de como seguir o caminho da Orvalho das Flores é muito grande. “Não sei dizer quanto; teria que contar todas as mensagens que recebi em grupos de whatsApp”, conta ele, sem esconder a satisfação com esse movimento.

Segundo Paranhos, “tudo começou” com uma postagem da criadora Carmen Perez no Instagram, em
meados do ano passado.

“Inicialmente, teve uma repercussão negativa; muita gente falando que abolir a marca não funcionaria, etc e tal. Depois, começaram a chegar mensagens de apoio, em grande número. Aí, decidimos implementar o projeto”, conta o professor. “Estamos surpresos e felizes. É uma mudança de atitude mais rápida do que a gente esperava”, comemora.

Receio vencido pelos números

Quando fala que “vai arriscar”, o pecuarista Antônio Campbell se refere ao receio natural de haver perda dos dispositivos de identificação. No caso do brinco do Sisbov, além de ele ter de ser substituído, o animal não pode sair da propriedade antes de 90 dias da entrada do novo número no sistema, o que, no caso de um boi prestes a ir para o frigorífico, significará prejuízo ao pecuarista. Mas, para o animal ficar inidentificável, tem de perder também o bottom.

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ICMS achata ganhos da pecuária paulista

Setor produtivo tem se mobilizado contra a medida, que foi considerada constitucional pelo Tribunal de Justiça do Estado

Operações com animais PO estão pagando 12% de ICMS desde o ano passado, em nome da responsabilidade fiscal.

Por Larissa Vieira

Na contramão dos demais Estados brasileiros, São Paulo segue cobrando ICMS nas operações de venda de bovinos com registro genealógico e material genético, sem sinal de mudança a curto prazo. Os criadores de raças bovinas, ovinos, suínos e empresas de genética paulistas amargam mais um tributo.

Desde 1° de janeiro de 2021, as vendas de touros e matrizes com registro genealógico oficial, além de sêmen e embriões, precisam recolher o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A mudança na legislação põe fim à isenção total aprovada há quase cinco décadas (Convênio ICMS nº 35, de 1977) pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), com o aval de todos os Estados.

Lideranças rurais vêm se mobilizando, desde o ano passado, para reverter a situação, mas, por enquanto, apenas alguns segmentos conseguiram a retomada da isenção total, como é o caso do leite pasteurizado.

“Essa decisão é um retrocesso; está trazendo prejuízos e mais burocracia, indo contra todo um trabalho de difusão da genética bovina que desenvolvemos. Isso prejudica muito os criadores de São Paulo, que deixam de competir em pé de igualmente com outros Estados na venda de gado PO”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Rivaldo Machado Borges Júnior.

Em 2020, a arrecadação total paulista com ICMS foi de R$150 bilhões (R$ 582,8 milhões vieram da agricultura, pecuária e outros produtos), segundo dados do Portal da Secretaria da Fazenda.

“Diante do total arrecadado com ICMS em São Paulo, a taxação em cima das vendas de animais registrados representa muito pouco para os cofres do Estado”, diz Nabih Amin El Aouar, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).

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Um apaixonado pelo Nelore funcional

Dedicando-se à seleção desde os 22 anos de idade, William Koury ajudou a criar um novo modelo de carcaça frigorífica para a raça no Brasil

“Confirmamos o que já tínhamos visto em 1976: que o animal pernalta é o mais ‘vagabundo’ em termos de carcaça” – William Koury

Por Carolina Rodrigues

Quem conhece William Koury, 79 anos, dono da Fazenda Kuluene (4.400 ha, em Gaúcha do Norte, MT), sabe do seu espírito galhofeiro. Dono de uma narrativa repleta de diálogos e situações cotidianas que divertem quem o escuta, Koury não é apenas um bom contador de histórias; é, acima de tudo, um “fazedor” de histórias.

Criador da marca Nelore Jandaia, ele se tornou selecionador em 1964 por intermédio de Sérgio Toledo Piza (criador e fundador da Programa Leilões), além dos pesquisadores Fausto Pereira Lima (Instituto de Zootecnia de Sertãozinho- IZ) e, mais tarde, Luis Alberto Fries (PhD em Melhoramento Genético, fundador da GenSys Consultores Associados).

Filho de produtores rurais, Koury decidiu trilhar o caminho da pecuária seletiva aos 22 anos de idade. Já na formação do primeiro plantel, estabeleceu uma base genética fortíssima e quebrou padrões pré-estabelecidos para a época, ao perseguir em 1976, apoiado na pesquisa, um novo modelo de carcaça frigorífica para a raça Nelore, opção que o levaria a deter um dos plantéis-modelo em biotipo funcional e produtivo nas décadas seguintes.

Hoje, são cerca de 2.000 fêmeas em atividade, boas em habilidade materna, precoces e adaptadas ao pasto, que geram entre 400 e 500 touros por ano, um rebanho que desde o final da década de 1980 está inscrito no programa Nelore Brasil, da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), entidade da qual o criador é parceiro frequente, na realização de trabalhos essenciais para o melhoramento genético da raça, ao lado do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP). Medir e quantificar sempre fizeram parte do trabalho de William Koury, que garante: “A pesquisa está no DNA da Jandaia”.

Com trajetória invejável e um humor muito próprio, Koury se tornou referência na seleção de gado Nelore. Justamente por isso, foi escolhido para participar do “Prosa Quente” desta edição. Confira na entrevista concedida com exclusividade à repórter de DBO, Carolina Rodrigues.

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