Por Jorgan Hander Pereira
O agronegócio brasileiro vem se destacando cada vez mais diante do cenário mundial, sendo reconhecido como um dos grandes produtores de alimentos, principalmente durante esse período que estamos passando, com enfretamento de uma pandemia global causada pelo coronavírus, grande causador de desajustes e quedas de diversas economias mundo a fora.
Mostrando uma grande autossuficiência, o agro vem se mantendo sólido e estabilizado a cada nova safra, apesar dos percalços criados por incertezas relacionadas a alterações climáticas e também por políticas externas como vêm acontecendo nos Estados Unidos, onde o até então presidente eleito, Joe Biden, em campanha, ameaçou lançar sanções econômicas ao Brasil caso o País não mude suas políticas de preservação do meio ambiente, em especial voltada à Amazônia.
Contudo, devemos nos atentar a um dos grandes problemas enfrentados pelo setor: “a deficiência no transporte da produção agropecuária até os locais de destino”, pois mesmo conseguindo atingir ótimos retornos em seus investimentos, além do aumento do PIB de 6,75%, o setor ainda carece de políticas voltadas principalmente a infraestrutura e melhores condições de trabalho para os profissionais da área do transporte, já que enfrentam diversas dificuldades, tais como: os perigos causados pelas más condições das estradas, pouco tempo de descanso e insalubridade.
O setor vem enfrentando muitas dificuldades para que ocorra o escoamento da safra na maioria do território nacional, mas esse problema se agrava um pouco mais na região Centro-Oeste que é o maior produtor de grãos do país, mas com um custo bem maior gasto em transporte devido sua localização ser mais distante dos portos, onde seus produtos são exportados para grandes países compradores, como é o caso da China e Europa.
Segundo a Conab, a região Centro-Oeste é responsável por uma produção aproximada de 122.800.000 toneladas referentes as safras de 2019/2020 e esses números tendem a crescer a cada ano, visto que muitos produtores já anteciparam a venda de suas safras que serão colhidas somente em 2022. Já pensando no futuro, o mais correto seria um aceleramento nas melhorias das estradas e investimento em outros meios de transporte como ferrovias e hidrovias, segundo Edeon Vaz coordenador do Movimento Pró-logística de MT, “o Brasil paga o frete mais caro do mundo em termos de Commodities.”
O Brasil possui a quarta maior malha viária do mundo com aproximadamente 1,7 milhão de km2, porém apenas 12,4% é pavimentada segundo dados da CNT, tornando-se um problema de mão dupla em nossas estradas, pois o local de origem também pode ser o local de chegada de uma carga, gerando um custo cada vez mais caro referente a diversos produtos utilizados nas lavouras como é o caso de combustíveis, insumos, maquinários e até de produtos básicos.
Não adianta apenas focar em investimentos em tecnologia do campo, é necessário buscar alternativas que sigam o mesmo patamar de sucesso alcançado a cada colheita, para que não ocorra um contraste entre setores da produção e o de transporte.
Jorgan Hander Pereira é colaborador do MLA – Miranda Lima Advogados e articulista do setor do agro
REFERÊNCIAS
·Dados do Anuário CNT do Transporte mostram baixa oferta de infraestrutura para o transporte rodoviário e crescimento acelerado da frota. Acesso em 19/11/2020: https://www.cnt.org.br/agencia-cnt/somente-12-da-malha-rodoviaria-brasileira-pavimentada
.TOP 5 – Maiores malhas rodoviárias do mundo. Acesso em 19/11/2020: https://www.dw.com/pt-br/top-5-maiores-malhas-rodovi%C3%A1rias-do-mundo/a-16384231