O cenário de preços da arroba está em elevação, o câmbio também está favorável às exportações de carne bovina e a China ainda está ávida pela proteína animal brasileira.
Apesar de todas essas conjecturas, 2021 deve registrar uma queda na atividade de confinamento, segundo a avaliação do engenheiro agrônomo Alcides Torres Jr., sócio-diretor e analista de mercado da Scot Consultoria, (Bebebouro, SP).
Torres foi o convidado da semana no programa DBO Entrevista, que foi ao ar na segunda-feira (14/6); veja ao final da reportagem a entrevista em vídeo, na íntegra.
“Acreditamos numa redução no confinamento este ano”, diz.
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Prestes a dar a largada à segunda edição a expedição Confina Brasil, na próxima segunda-feira (21/6), Torres fez algumas análises que poderão ser comprovadas com o resultado do acompanhamento in loco de 120 propriedades, responsáveis pela terminação de mais de 2 milhões de bovinos em confinamento, que representaria 40% do rebanho de bovinos confinados no País – serão coletadas informações de manejo, gestão, índices zootécnicos, infraestrutura, nutrição e sanidade, entre outros fatores de produção.
Para Torres, o grande ‘xis’ do mercado de carne bovina está justamente em seu maior cliente: o mercado interno, para onde vai cerca de 70% da carne bovina.
Por conta da pandemia, do fechamento de comércios e redes de restaurantes e de fast food, e, principalmente, por conta da renda do brasileiro, a proteína bovina nunca havia esteve tão em baixa como nos últimos meses.
“Nós temos o menor consumo de carne bovina dos últimos 20 anos. O Brasil sempre foi um grande consumidor de carne. Ela marca o estilo de vida do brasileiro, em confraternizações”, explica.
De olho nos insumos
Entre os temas da expedição que seguirá até 24 de setembro, e passará por 14 Estados do País, será o levantamento dos preços de insumos na alimentação, bem como o uso de fontes alternativas a uma dieta de alto grão.
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Segundo o diretor da Scot Consutoria, por conta da alta nos custos da dieta de bovinos, causada pela escalada de preços do milho, é possível que o perfil de engorda do gado tenha mudado um pouco, além da concentração de grandes e médios confinadores na atividade.
“O que nós estamos assistimos é o movimento de confinamentos de pequeno porte que estão preferindo mandar as suas boiadas para confinamentos de grande porte, pois eles têm escala de produção e de compra de alimentos, conseguindo preços melhores”, diz Torres.
Marketing à carne bovina
Para o analista, o cenário de consumo pode melhorar com campanhas maciças sobre os benefícios da carne vermelha, diante de desinformações a respeito da proteína bovina, e, especialmente com a entrada crescente das proteínas vegetais.
“Precisamos fazer a divulgação do consumo de carne de maneira mais científica. E aqui eu digo que essa é uma tarefa dos frigoríficos e não dos pecuaristas”, diz Torres.
Para ele, se depender do perfil do pecuarista brasileiro, a fonte do alimento é uma das mais seguras e sustentáveis do mundo, sem sombra de dúvida.
“No ano passado, na primeira edição do Confina Brasil, não vimos uma fazenda ruim. Vimos sistemas de produção diferentes, mas em ambos nenhuma fazenda estava sendo maltratado animais, com bovinos passando ou vaqueiros judiando. Só vimos coisas boas. Isso nos deixa contentes pois derruba o estereótipo que atividade tem para alguns grupos de pessoas”, diz Torres.
Em sua primeira edição, em 2020, o Confina Brasil visitou 118 propriedades em 5 estados, responsáveis por 30% do gado confinado do país (1,66 milhão de cabeças). Neste ano, o Confina Brasil 2021 vai percorrer três caminhos do confinamento bovino no Brasil. São eles:
Rota 1 (21/06 a 9/07): Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Rota 2 (26/07 a 20/08): Rondônia, norte de Mato Grosso e sul do Pará
Rota 3 (8 a 24/09): Tocantins, oeste da Bahia, norte de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro
Confira a entrevista na íntegra: