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Bactérias do bem: inoculação no milho aumenta produtividade

Por Decio Luiz Gazzoni – Engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Soja.

Um dos segredos da sustentabilidade da agricultura é utilizar a natureza a nosso favor. O senso comum sempre associa bactérias com doenças das plantas, redundando em danos e prejuízos na lavoura. Mas, existem bactérias que podem ser usadas para aumentar a produtividade e diminuir o custo das lavouras. A fixação biológica de nitrogênio em leguminosas, usando bactérias do gênero Bradyrhizobium, é uma velha conhecida dos nossos agricultores, que poupa a eles bilhões de reais a cada ano, por dispensar a adubação nitrogenada. É um dos segredos da competitividade da soja brasileira.

Mas existem outros exemplos, como o Azospirillum brasilense, que pode trazer ganhos consistentes para o produtor de milho, diminuindo os gastos com adubos nitrogenados, à semelhança do que ocorre com soja ou feijão.


O Azospirillum faz parte de um grupo de bactérias denominadas “promotoras de crescimento vegetal”. O sucesso da tecnologia de inoculação se baseia na capacidade promotora de crescimento do A. brasilense, pela produção de vários hormônios que estimulam o crescimento das plantas, principalmente de seu sistema radicular, além, obviamente, de promover a fixação biológica de nitrogênio.

Os fitormônios, ao promover o crescimento das raízes, permite às plantas a melhor absorção dos nutrientes do solo, com aproveitamento mais eficiente da adubação química realizada na lavoura. Além disso, o melhor enraizamento aumenta a tolerância das plantas à seca, pela maior capacidade de captação de água pela planta.

Pesquisas conduzidas pela Embrapa Soja, em Londrina (PR), e pela Embrapa Milho e Sorgo, nos municípios de Sete Lagoas (MG), Goiânia (GO) e pela Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), demonstram ser possível obter altos rendimentos no cultivo do milho, com redução de até 25% do uso de fertilizante nitrogenado aplicado em cobertura. Para os testes, a semente de milho foi inoculada com uma formulação contendo o Azospirillum veiculado em turfa ou com formulação líquida. Nos experimentos, os pesquisadores obtiveram incremento médio de produtividade de até 30%, comparativamente ao milho não inoculado com a bactéria.

Mesmo em plantios onde não há o emprego de alta tecnologia, mormente nas pequenas propriedades familiares, os experimentos mostraram resultados auspiciosos, resultando em produtividades superiores a 7 toneladas por hectare, utilizando apenas 30 kg de nitrogênio na mesma área.

À semelhança do que ocorre com os conhecidos rizóbios, na cultura da soja, o Azospirillum possui a capacidade de capturar o nitrogênio da atmosfera, transformando-o em substâncias nitrogenadas, que podem ser utilizadas pelas plantas, dispensando o adubo químico com nitrogênio. Cientistas agrícolas consideram esse processo, chamado de Fixação Biológica de Nitrogênio, como o segundo mais importante processo biológico do planeta, depois da fotossíntese.

Para o Brasil, os ganhos econômicos são de duas ordens: ganha o produtor, que gasta menos, e ganha o país, que reduz sua dependência de importações. Se a tecnologia for utilizada em larga escala, o Brasil pode poupar mais de R$ 6 bilhões por ano, por menor importação de adubos nitrogenados. Mas, também, ganha o ambiente, não apenas pelo menor risco de poluição devido à lixiviação do nitrogênio – que acaba por contaminar cursos de água – mas, também, por reduzir a demanda de produtos fósseis – petróleo e gás – seja na forma de insumos ou de energia usada na produção de fertilizantes nitrogenados.

Para terminar, um lembrete: A inoculação do milho com Azospirillum não substitui integralmente o fertilizante nitrogenado. Entretanto, ela permite reduzir consideravelmente a quantidade de nitrogênio aplicada na lavoura, o que é um ganho considerável para o produtor de milho, sempre preocupado com a relação entre produtividade, custo da lavoura e margem de lucro.

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