Brucelose, em que pé estamos!

No século passado, a brucelose era muito comum nos rebanhos, e como estão as coisas agora?

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Nos meados da década de 70, um sonhador Secretário de Defesa Animal do Mapa dizia que a brucelose bovina (à época campeando solta) estaria erradicada de nossa Pátria-Mãe gentil em menos de 15 anos. Falar é fácil, agir é que é o problema! Palavras ao vento e quase nenhuma ação real tornou essa declaração uma promessa de mau pagador. Em tempo: nos anos 70, a brucelose era a principal causa reconhecida de aborto, mas hoje perde de lavada para a neosporose.

Na virada do século XX, a Associação Brasileira de Buiatria (Medicina Bovina) da qual participo sugeriu um plano de ação ao Mapa para combater esse mal e a tuberculose, plano este que foi aceito rapidamente e teve seu início em 2001. Naquela época, o único Estado que encarava o bicho de frente era Minas Gerais, que já obrigava os produtores a vacinar fêmeas jovens desde 1993.

O programa proposto pelo Mapa incluía as seguintes medidas: habilitar apenas veterinários para a vacinação e realizar diagnósticos sorológicos pontuais, por meio de um curso específico; credenciar laboratórios de referência para confirmação desses diagnósticos; certificar propriedades que erradicassem a brucelose e a tuberculose; controlar a qualidade das vacinas e, finalmente, estimular os Serviços Estaduais de Defesa a realizar o controle e a obrigatoriedade da vacinação nos rebanhos.

O começo foi muito tímido com pouca aceitação dos Serviços Estaduais, mas aos poucos a campanha foi pegando no tranco, pela vacinação obrigatória contra brucelose, em novilhotas de 3 a 8 meses, na maioria das unidades federativas. Estados como o Rio Grande do Norte só começaram a vacinação neste último mês de maio. Independentemente de uma massiva aderência, a campanha celebra hoje muitos avanços e alguns retrocessos, sobre os quais falaremos neste e no próximo artigo.

Fazendas certificadas

Devo começar dizendo que, nas últimas décadas do século passado, a brucelose era muito comum nos rebanhos, incluindo boa parte dos de primeira linha que vendiam reprodutores. Para se ter uma ideia, estima-se que, naquela época, mais de 80% das fazendas do Mato Grosso do Sul tinham casos comprovados de aborto pela brucelose. Com o lançamento do programa, muitas propriedades trabalharam duro para erradicar a enfermidade.

Segundo dados do MAPA, em 2016, havia apenas 1.102 fazendas consideradas livres da doença, sendo muito concentradas no Rio Grande do Sul (829 propriedades; 75,2 % do total) e Santa Catarina (137 propriedades; 12,4 % do total), com nenhuma fazenda no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e apenas 21 em São Paulo. A maioria delas é de rebanho de leite, sendo baixa a aderência em gado de corte. Decepcionante! Creio que todas as fazendas que vendem reprodutores deveriam estar obrigatoriamente nesse bloco. A sua propriedade-campeã está no meio desse time vencedor?

Veterinários habilitados

Para o controle da brucelose se habilitaram em torno de 5.550 veterinários, com os profissionais paulistas puxando a fila (16%). Eles estão em maior número do que a soma do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (10,2 %). Em Roraima, surgiu apenas um herói; no Amapá, quatro; no Acre, 16 e no grande Amazonas, 17. Esse pessoal participou de cursos oferecidos por 54 instituições, com destaque para os Estados do Paraná (10) e São Paulo (9).

Para continuar falando dos Mato Grossos, o Mato Grosso do Sul oferecia cursos em quatro instituições, e o Mato Grosso, em apenas uma. Os veterinários do Amazonas, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe tiveram de ir até outros Estados para passar pelo treinamento, que por sinal era bem cobrado de todos os participantes. Apenas 10 laboratórios de referência foram certificados pelo MAPA, e por incrível que pareça nenhum deles situado nos dois Estados do Mato Grosso, um baita escorregão do Programa, na perspectiva do gado de corte.

Parabéns a SC, RS, PR e MG

Com o lançamento do Programa em 2001, alguns Estados, como Santa Catarina (que já tinha adotado controle rigoroso contra a febre aftosa), Rio Grande do Sul e Paraná, não esquecendo Minas Gerais, colocaram a mão na massa e foram à luta. Louvores devem ser dados à estratégia de Santa Catarina, que, para não deixar a peteca cair, vacinou, gratuitamente, pequenos rebanhos de indígenas, quilombolas e sítios de assentamentos rurais, geralmente relutantes às campanhas. Isso foi fundamental, pois, nos bastidores da notícia e na boca pequena, sabia-se que, nos dois surtos de febre aftosa no Rio Grande do Sul, em 2000, e no do Mato Grosso do Sul, em 2005, a doença surgiu pela compra ilegal de bovinos contaminados da Argentina e do Paraguai, respectivamente, por pequenos pecuaristas de assentamentos.

Do começo da campanha obrigatória até hoje, muitos criadores e lideranças da pecuária chiam por ter de vacinar e prestar contas desse ato, mas, depois, aceitam com relutância, para seu próprio bem. Por vezes, não percebemos que certos remédios amargos, que, no primeiro momento, são difíceis de ser engolidos, podem nos trazer melhorias. No próximo artigo, vamos mapear e discutir como anda a campanha, Estado por Estado, região por região. Avise aos quatro cantos e até à Candinha, para não perder, por nada, esse balanço. Até lá!

Artigo originalmente publicado na Revista DBO.

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